A BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vai aportar R$ 200 milhões na Rocha Terminais Portuários e Logística, empresa centenária sediada em Paranaguá (PR). A companhia atua no setor de apoio logístico a atividades portuárias e é operadora de fertilizantes na importação em três portos: Rio Grande (RS), Paranaguá e São Francisco do Sul (SC). O aporte da BNDESPar se dará via subscrição de ações em operação de aumento de capital da Rocha. Em 2014, faturou R$ 288 milhões.
A companhia é controlada pela RTP Participações, da família Cominese Freire, e pelo Fundo de Investimento em Participações (FIP) Angra Infra, gerido pela Angra Partners. Na operação, os atuais acionistas continuarão com o controle da companhia enquanto a BNDESPar vai se tornar acionista minoritária. Hoje, a RTP tem 51% e o FIP Angra, 49%. Ambos serão diluídos para dar espaço ao BNDES. Os controladores e o BNDES não informaram como ficarão os percentuais dos sócios depois da subscrição de ações pela BNDESPar.
A previsão é que a integralização dos recursos na empresa pelo banco seja feita este mês, disse André Loureiro, chefe do departamento da área de mercados de capitais do BNDES. Segundo ele, ao ingressar em empresas de capital fechado, como a Rocha, a BNDESPar faz acordos de acionistas e participa do conselho de administração das companhias. No caso da Rocha, existe previsão de que no futuro a empresa possa fazer uma oferta inicial de ações em bolsa desde que as condições de mercado sejam favoráveis e a empresa tenha projetos que justifiquem ir ao mercado, disse Loureiro.
O dinheiro aportado pela BNDESPar será utilizado no plano de crescimento da Rocha. Juliano Agnolo, diretor-financeiro da Rocha, disse que os recursos do BNDES serão importantes para o desenvolvimento do projeto granel de exportação, em Paranaguá.
Trata-se de um complexo logístico a ser instalado na retroárea do porto paranaense formado por quatro armazéns com capacidade estática total de 300 mil toneladas. Esses armazéns serão conectados ao corredor de exportação do porto por meio de esteiras transportadoras e interligados à malha rodoferroviária local. O plano da companhia é valer-se desses quatro armazéns para apoiar exportações de milho, soja e farelo de soja. No total, essa estrutura de armazenagem terá capacidade de movimentar entre seis e oito milhões de toneladas de grãos na exportação por ano.
A Rocha também analisa oportunidades para passar a operar no Nordeste. Fundada em 1864 para atender operações e transporte de madeira, erva-mate e fósforo, a Rocha cresceu e se diversificou ao longo do século XX. Em 2000, a empresa construiu armazéns na retroárea de Paranaguá para movimentação de fertilizantes na importação. No total, a empresa tem capacidade de movimentar até 4 milhões de toneladas por ano no porto. Nos granéis, a Rocha comprou 60% da Vanzin, em Rio Grande (RS), e 28,3% da FullPort8, em São Francisco do Sul (SC).
Também em São Francisco do Sul a Rocha Terminais é dona de um porto seco para armazenagem de carga industrial alfandegada. Outra atividade do grupo são os granéis líquidos, operação em que a Rocha atua por meio da Cattalini Terminais Marítimos, de Paranaguá, na qual detém 50% de participação. No Guarujá (SP), a Rocha possui terminal para movimentação de contêineres vazios.
Alberto Guth, sócio da Angra Partners, disse que, para o investidor, a Rocha é um caso de sucesso de construção de uma plataforma de operação portuária. O plano de negócios da empresa prevê faturar R$ 536 milhões em 2018.
Fonte: Valor Econômico/Francisco Góes | Do Rio
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