A Brasil Terminal Portuário (BTP) se reuniu ontem com autoridades brasileiras em Brasília para discutir os atrasos no início de sua operação no Porto de Santos. Pronta para começar suas atividades desde fevereiro, a empresa obteve em julho a última licença que precisava, do Ibama, mas ainda depende da finalização de obras de dragagem no porto, sob a responsabilidade do governo.
"O terminal está totalmente concluído. Esperávamos entrar em operação neste mês, mas a conclusão da dragagem nos foi prometida para até o fim deste ano", afirmou em entrevista exclusiva ao Valor, Kim Fefjer, principal executivo da APM Terminals, controladora da BTP em associação com a Terminal Investment Limited (TIL), ambas operadoras de contêineres.
Fefjer passou o dia no Brasil, ontem, para participar de várias reuniões em Brasília. Sua expectativa era de acelerar o processo, que ele afirma ter gerado o "pior" problema de atrasos que já enfrentou nos últimos nove anos, desde que assumiu o comando global da companhia. A APM Terminals, que faz parte do grupo Maersk, tem 62 terminais em 60 países, além de sete em construção ou prestes a operar. Um deles é o da BTP, em Santos.
Enquanto o terminal permanece inativo, o governo deixa de arrecadar US$ 100 milhões ao ano em impostos e taxas, afirma o executivo. A estimativa dele é que a BTP gere movimento anual de cargas com valor equivalente a R$ 20 bilhões. Fefjer disse ainda que há diversos navios e nove mil empregos à espera do terminal, sendo mil vagas de trabalho congeladas e outros oito mil postos indiretos.
A estimativa feita pelo diretor-presidente, Henry James Robinson, em junho, era de uma perda de R$ 300 milhões de faturamento bruto se a homologação só saísse em outubro, prazo considerado na ocasião. Além disso, enquanto a BTP não opera, ela deixa de contar com o movimento da própria Maersk, que atualmente utiliza a Libra Terminais.
Após a emissão da licença de operação do Ibama, em 22 de julho, a conclusão da dragagem passou a ser o último grande entrave para a BTP. A demora deve-se principalmente ao fato de o terminal estar no trecho 4 do canal de navegação do Porto de Santos, considerado o mais problemático por causa de complicações hidrodinâmicas. Segundo a Codesp, operadora do Porto de Santos e responsável pela dragagem no acesso ao berço da BTP, entre as particularidades do local está a alta concentração de resíduos tóxicos, que levou o processo de dragagem a ser mais lento do que em nos demais trechos (1, 2 e 3). Já a dragagem do canal de navegação, que também segue em execução, é de competência da Secretaria de Portos (SEP).
A Codesp e a SEP não estabelecem prazos formais para término da dragagem, mas existe a expectativa de que seja anunciado em breve um avanço nos processos.
Construído pela empreiteira Andrade Gutierrez, o terminal recebeu um investimento de US$ 1 bilhão e tem capacidade para 1,2 milhão de Teus (contêineres de 20 pés), 1,4 milhão de toneladas de granéis líquidos e 620 atracações por ano. "Há uma grande necessidade por essa capacidade. Como investidor estrangeiro, vejo como substancialmente importante olhar para a criação de valor que está sendo postergada no país", afirmou Fefjer. Na estimativa dele, a BTP poderá atingir sua capacidade após um período de ganho de velocidade ("ramp-up") de seis meses.
Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso | De São Paulo
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