Os dois últimos vazamentos de amônia em terminais do Porto de Santos, ocorridos durante a manutenção de equipamentos, demandam investigações detalhadas. A informação é do gerente regional da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Enedir Rodrigues. A agência ambiental já iniciou a apuração do incidente que aconteceu na Citrosuco, terminal especializado na movimentação de granéis líquidos no Macuco, na última segunda-feira (18).
O incidente ocorreu por volta das 19h30. Dois funcionários terceirizados foram levados à Santa Casa de Santos, após sofrerem uma queda com trauma, além de distúrbio respiratório com irritação nos olhos.
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Os trabalhadores faziam a manutenção de dutos quando ocorreu o rompimento de uma tubulação e de uma válvula de segurança, que causou a liberação do gás de amônia na atmosfera. Segundo o gerente regional da Cetesb, a agência ambiental está coletando informações e aguarda um relatório da empresa sobre o vazamento.
Rodrigues também leva em conta a ocorrência de problemas semelhantes em outras instalações portuárias. Em 9 de junho, no terminal retroportuário da Cutrale, também houve um vazamento de amônia. Por este motivo, a apuração da Cetesb será ainda mais criteriosa.
Na ocasião, 2 mil litros de amônia estavam armazenados no local, mas o volume liberado não foi quantificado. Por conta deste vazamento, a Cutrale foi multado em R$ 125,3 mil pelo órgão ambiental estadual.
“Houve ocorrência em outra empresa. Ali, também foi em serviços de manutenção. A gente precisa estar investigando como é que estão sendo realizadas essas manutenções, se estão acontecendo periodicamente ou se estão sendo feitos reparos”, destacou Rodrigues.
Com as investigações, será definida a sanção aplicada ao terminal. A instalação portuária poderá ser autuada em valores que variam de R$ 5 mil a R$ 50 milhões.
“Podemos aplicar advertência ou multa. Vamos ver os agravantes, os atenuantes, se houve vítimas, incômodo à população. Tudo isso é levado em conta na hora de definir a punição”, explicou o gerente.
Segundo o executivo, ainda serão exigidas medidas para evitar novos vazamentos na instalação portuária, como mudanças estruturais, aquisições de equipamentos ou alterações em procedimentos.
Amônia
A amônia é um produto básico na indústria química e tem aplicações domésticas e industriais. No caso do terminal portuário, ela é utilizada no resfriamento dos tambores de suco de laranja.
O produto é asfixiante. Por isso, normalmente, o nariz é o primeiro a sentir os sintomas dessa exposição. Caso seja inalada, pode causar tosse, chiado no peito, falta de ar e, em casos mais graves, queimar as vias aéreas superiores. A orientação da Cetesb é que relatos de forte odor, fumaça ou produtos químicos sejam encaminhados à agência pelo telefone (13) 3227.7767. É preciso informar o endereço da ocorrência, mas o denunciante não precisa se identificar.
Procurada, a Citrosuco informou que o vazamento foi controlado e suas causas estão sendo apuradas. “A Citrosuco informa que está prestando toda assistência aos dois trabalhadores de empresas prestadoras de serviço que estavam no local”.
Fonte: A Tribuna