A TCP foi autorizada a operar com calado de até 13,30 metros. De acordo com a empresa, que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá (PR), a ampliação permite transportar cerca de 400 TEUs adicionais de contêineres cheios por embarcação. A atualização foi formalizada pela Portos do Paraná, por meio da portaria, e aprovada pela Marinha do Brasil e pela praticagem. O alteração contou com estudos de simulação contratados pela TCP, conduzidos em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), a partir da conclusão da última campanha de derrocagem promovida pela autoridade portuária.
Os novos limites de calado foram definidos conforme o porte das embarcações e divididos em duas condições operacionais: maré zero e maré positiva. Para navios de até 300 metros de comprimento (LOA), o calado a maré zero passa de 12,80 para 13,00 metros, podendo chegar a 13,30 metros com 30 centímetros de maré positiva. Já os navios de 336 a 366 metros mantêm o limite de 12,80 metros em maré zero, mas passam a operar com 13,10 metros com 30 centímetros de maré positiva e com o calado máximo de 13,30 metros quando a maré alcançar 50 centímetros — níveis superiores aos praticados por terminais catarinenses, que operam com calados entre 11,00 m e 12,20 m, dependendo do porte das embarcações.
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A TCP destacou já opera navios de 366 metros desde janeiro de 2024, quando recebeu o MSC Natasha XIII, primeiro porta-contêineres desse porte a atracar em um terminal brasileiro. Embarcações da mesma dimensão passaram a escalar Paranaguá desde então, mas ainda não utilizavam sua capacidade plena devido às restrições de profundidade.
Com o novo calado autorizado pela Portos do Paraná, esses navios devem escalar o terminal com regularidade e passarão a deixar o terminal mais carregados, com melhor aproveitamento de lastro, carga e janela de maré. “Quanto maior o calado autorizado, mais carga o navio consegue transportar por viagem, gerando ganho direto de eficiência para armadores, importadores e exportadores, sem acréscimo de custos operacionais”, explicou Rafael Stein, superintendente institucional e jurídico da TCP.
A aprovação desses novos parâmetros está sustentada pelos estudos técnicos conduzidos no Centro de Simulação e Treinamento em Manobras Marítimas da Escola Politécnica da USP, que utilizou modelagem matemática avançada e simuladores de alta precisão para testar cenários de atracação e desatracação em diversas condições de vento, corrente e maré, incluindo embarcações de até 368 metros de LOA e 51 metros de boca. As simulações contaram com a participação de equipes técnicas da TCP, Portos do Paraná, Marinha do Brasil e Sindicato dos Práticos.
Os estudos também indicaram a necessidade da instalação de um sensor adicional nos marégrafos utilizados para monitoramento das condições de maré, investimento que foi realizado em parceria entre a TCP e a Paranaguá Pilots. Para a Portos do Paraná, essa medida reforça a confiabilidade das informações fornecidas aos práticos, garantindo maior precisão na definição das janelas de atracação e aumentando a segurança da navegação.
Para Julio Verner, presidente do Sindicato dos Práticos, o estudo e os investimentos recentes foram fundamentais para ampliar o calado operacional com segurança. "Essa evolução assegura condições ideais para operações com embarcações de grande porte, reduz riscos em manobras complexas e consolida Paranaguá como um porto preparado para atender às exigências da nova geração de navios. É um avanço que alia tecnologia, planejamento e segurança”, comentou Verner.
Desde 2024, o calado operacional do canal de acesso passou de 12,10 para 12,80 metros a maré zero após a remoção de aproximadamente 20 mil metros cúbicos de rochas nas Pedras Palanganas. O material, fragmentado, foi doado a municípios do litoral para obras públicas. Todo o processo foi executado com medidas preventivas, mitigatórias e monitoramentos periódicos da fauna, flora e qualidade da água. O diretor de operações da Portos do Paraná, Gabriel Perdonsini Vieira, afirmou que um dos grandes diferenciais esse ano foi o aumento do nosso calado operacional. "Passamos a ter 13,3m para exportação e importação de granéis sólidos e agora o aumento para 13,3m no segmento de contêineres. Este é um grande diferencial, pois traz mais competitividade e com certeza influencia nos excelentes resultados de movimentação. Estamos aumentando o calado operacional para embarcar e receber mais cargas e atracar navios maiores, tornando assim o nosso complexo cada vez mais atrativo e mais competitivo", ressaltou Vieira.
Em outubro, foi realizado o leilão de concessão do canal, que prevê ampliar a profundidade para 15,5 metros nos cinco primeiros anos de contrato, além de modernizar a sinalização náutica, executar novas dragagens, promover ações ambientais e aprimorar a infraestrutura aquaviária. O investimento estimado do Porto de Paranaguá é de R$ 1,23 bilhão, acompanhado de uma redução de 12,63% na taxa Inframar paga pelas embarcações, benefício que depende do cumprimento das metas previstas no contrato.
“Com a futura ampliação do canal para 15,5 metros, Paranaguá se posicionará entre os principais portos de águas profundas da América do Sul. A autorização atual já gera ganhos imediatos e é um passo decisivo para receber a nova geração de porta-contêineres que deve dominar as rotas globais nos próximos anos”, acrescentou Stein, da TCP. O terminal encerrou o primeiro semestre de 2025 com 744.650 TEUs movimentados, segundo o estatístico aquaviário da Agência Nacaional de Transportes Aquaviários (Antaq).
















