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Compensação ambiental

Dragagem do porto do Rio de Janeiro tem previsão de conclusão para agosto, mas recuperação da área deve ser finalizada no final do ano

A dragagem do porto do Rio de Janeiro será finalizada em agosto, mas os trabalhos não vão parar por aí. Na Ilha da Pombeba, onde estão sendo depositados os sedimentos contaminados, as atividades devem ser finalizadas no final do ano. O Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), vinculado à Coppe/UFRJ, contratado pela Secretaria de Portos para realizar os serviços de gerenciamento ambiental das obras de dragagem, está acompanhando o processo de transporte e disposição do material para a ilha. Em paralelo ao trabalho, a instituição já iniciou o programa paisagístico de recuperação ambiental em algumas áreas da Ilha.

A Ilha da Pombeba foi o local definido pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) como depósito dos sedimentos contaminados. Dos quatro milhões de metros cúbicos de material dragado, cerca de 30 mil metros cúbicos estão contaminados, equivalentes a mil carretas de material. Entre os metais encontrados estão chumbo, cobre, zinco e mercúrio. Para manter confinado o sedimento contaminado, estão sendo utilizadas estruturas desenvolvidas para armazenar sedimento por longos períodos.

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Conhecida como geotube, a solução é revestida de tecido geossintético que permite apenas a saída de líquidos do seu interior. O excesso de água decorrente do processo de dragagem é drenado através de pequenos poros da malha dos geotubes, resultando na desidratação do material acumulado. Com o tempo, a água dos “sacos” sai  e, através de uma canaleta, volta para a baía. A redução de volume permite que cada geotube possa ser preenchido por bombeamentos sucessivos, até que o volume seja quase inteiramente ocupado pela fração sólida existente nos sedimentos dragados.

A tecnologia vem sendo utilizada em diversos países e, com o Programa Nacional de Dragagem, o Brasil também tem priorizado a utilização da solução. Na Ilha da Pombeba, estão sendo utilizados seis geotubes, com capacidade de reter cinco mil metros cúbicos de sedimentos em cada unidade. De acordo com o coordenador de projetos do Ivig/Coppe/UFRJ, Aurélio Murta, o confinamento e o monitoramento do material contaminado são as principais vantagens da tecnologia. “ Se fosse colocado [o material] em um aterro sanitário controlado ou não, ou mesmo em um lixão, poderia haver um um problema de contaminação do solo ou da água. Aqui se tem a garantia de que todo esse material está confinado e monitorado o tempo todo”, diz.

Os geotubes foram colocados na área no último mês de abril e, desde então, foram sendo realizadas coletas de água para verificar se havia a presença dos metais. Segundo Murta, os resultados foram bastante satisfatórios. “Pela ação de floculantes e por um processo iônico, os metais pesados fixam-se nos sedimentos e, como eles estão condicionados nos sacos, não saem”, conta, destacando que, apesar de transparente, a água não sai limpa, apenas livre do material contaminado.

Após a finalização do processo, serão demandados entre 45 e 60 dias para a percolação do material e a consequente redução de tamanho dos sacos. A partir da consolidação dos sedimentos, será iniciado o processo de recuperação da área, previsto para o mês de outubro. Para a implantação dos geotubes, que ocupa uma área de 12,5 mil metros quadrados, a vegetação do local foi suprimida e transferida para uma outra área da ilha. Por isso, o Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) exigiu, entre as condicionantes ambientais, a recuperação dessa área e o enriquecimento da ilha através do plantio de 2,5 mil mudas nativas de espécie de restinga. Deste montante, 750 devem ser de sideroxylon obtusifolium, mais conhecida como sapotiabeira. A espécie está sendo ameaçada de extinção, segundo o Inea.

O enriquecimento da ilha já foi iniciado. Jenipapo, jatobá, ingá-cipó são algumas das espécies que já estão sendo plantadas na região. De acordo com Murta, são três as metas do Ivig/Coppe/UFRJ no programa paisagístico de recuperação ambiental. “A primeira é enriquecer a ilha com as 1,75 mil mudas de restinga. Não é fácil encontrar a sapotiabeira no mercado, então temos um tempo maior para conseguir fazer essa compra. A segunda meta é justamente fazer o plantio das 750 sapotiabeiras e a terceira, que só pode ocorrer quando acabar a dragagem e a água já estiver sido extravasada, que é fazer o plantio em cima dos geotubes”, lista. Murta destaca que na área onde atualmente estão localizados os geotubes serão implantados 10 centímetros de solo proveniente da própria ilha e espécies nativas de restinga herbáceas. “Tudo deve ser finalizado até dezembro”, estima.

Além do monitoramento da água e da recuperação ambiental, o Ivig/Coppe/UFRJ também realiza o programa de controle de vetores — garças, roedores e mosquitos — da ilha. Esta foi uma outra determinação do Inea, destaca Murta, devido à quantidade de lixo existente na ilha e em razão dos trabalhadores que ali estão. “Fizemos análise antes, durante e faremos depois. A primeira para saber a situação da área antes de chegarmos, durante para analisar se a atividade está trazendo algum problema aos trabalhadores e, posteriormente, para sabermos se o número de vetores aumentou”, explica.

 

Dragagem. Iniciada em fevereiro de 2010, a dragagem do porto do Rio de Janeiro é uma das obras da Secretaria de Portos (SEP) previstas no Programa Nacional de Dragagem (PND) e faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As obras aumentarão a capacidade de movimentação de carga do porto. A profundidade dos terminais de contêineres do porto do Rio, que variava entre sete e 12 metros, aumenta, respectivamente, para 11 e 15,5 metros. Entre os principais benefícios da atividade estão mais oportunidades de trabalho no porto; aumento da importação e da exportação; integração comercial e melhoria da infraestrutura de logística nacional.



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