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Crise com a Argentina prende 13 mil carros em Paranaguá

Demora na liberação de importações obriga porto a buscar espaços alternativos, já que o pátio só tem capacidade para 6,5 mil veículos

Os automóveis importados que aguardam liberação no Porto de Paranaguá ficam acomodados em locais improvisados, como nas proximidades da área de embarque de grãos; ainda será preciso encontrar espaço para pelo menos mais 2,5 mil veículos

Milhares de automóveis estão parados nos portos por causa do impasse das licenças não automáticas entre Brasil e Argentina. As medidas foram impostas pelos dois governos e atrasam a liberação de mercadorias no comércio entre os dois países. Estima-se que 25 mil carros estejam “presos” nos terminais portuários de Parana­guá, Santos (SP) e Vitória (ES).

Em Paranaguá há 13 mil veículos parados, o dobro da capacidade do porto – os dois pátios destinados para automóveis têm capacidade para 6,5 mil unidades. Segundo a superintendência da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), os veículos estão sendo acomodados em outros locais improvisados ao longo do cais, mas a situação é crítica. “Não há espaço para tantos veículos. Os carros estão aguardando em áreas que não são próprias para eles. A demora na solução do problema é preocupante”, diz Aírton Vidal Maron, superintendente da Appa.

De acordo com Maron, a direção do porto terá de improvisar mais uma área para receber mais 2,5 mil veículos. “Somente um navio da Fiat, com 2 mil carros, deve chegar no próximo dia 8 a Paranaguá”, afirma. Maron diz que a Fiat não costuma usar Paranaguá, mas a montadora está com problemas para achar espaço em outros terminais. A Fiat chegou a dar férias coletivas na Argentina por conta do elevado estoque de carros no país vizinho.

A Renault tem cerca de 5 mil veículos presos em Paranaguá e outros 1,5 mil a 2 mil veículos no porto de Vitória (ES), segundo Alain Tissier, vice-presidente da Renault do Brasil. “Paranaguá está lotado e Buenos Aires também. Chegamos a ter 8 mil carros bloqueados. Conseguimos liberar um pouco, mas a situação continua crítica”, afirma. A medida afeta, por exemplo, as importações do Clio, carro de entrada da marca, e do sedã Fluence, ambos produzidos em Córdoba. “Regredi­mos 15 anos no comércio entre os dois países”, critica.

As restrições, embora prejudiquem principalmente os carros da Argentina, também atingem as importações do México. Estima-se que a Nissan tenha entre 2 mil e 3 mil carros presos nos portos para liberação. No porto de Santos, a Santos Brasil, que opera com um terminal privado de carros, está com o pátio com capacidade para 7,5 mil veículos cheio. A Deicmar, que também atua em Santos, tinha 1,8 mil veículos da Fiat no mês passado aguardando liberação. O porto de Vitória chegou a ter 8,5 mil veículos no seu pátio no mês passado.

Histórico

As restrições começaram em maio, quando o Brasil deixou de conceder licenças automáticas para a importação de automóveis, autopeças, pneus, produtos têxteis e de linha branca. A mudança foi uma resposta ao país vizinho, que em fevereiro passou a impor barreiras aos produtos brasileiros.

Na prática, a medida aumentou a burocracia para a importação desses produtos. Ao não conceder licença automática às mercadorias da Argentina, o governo brasileiro tornou mais lento o processo de importação. Em condições normais, o processo de nacionalização de carros e peças em solo brasileiro demora cerca de dez dias. Mas, com as licenças não automáticas, esse período pode chegar a 90 dias.

O comércio de veículos e autopeças é responsável por 50% das trocas entre os dois países, que no ano passado somaram US$ 33 bilhões.

Aumento

As restrições ocorrem em meio ao crescimento do comércio de automóveis entre os dois países. A Argentina representa 90% da movimentação de veículos no Porto de Paranaguá. De janeiro a junho desse ano, o fluxo de automóveis aumentou 38%, para 95.203 mil carros. Em 2010 foram 190.040 mil veículos, 39% mais do que no ano anterior. Do total, 91.164 foram importados e 98.876, exportados.

O governos do Brasil e da Argentina chegaram a firmar um acordo de paz em junho, com a promessa de liberar gradualmente as licenças, mas até agora o fluxo normal não foi retomado. Procurado, o Terminal de Contêi­ner de Paranaguá (TCP) não retornou o pedido de entrevista até o fechamento desta edição.

Fonte: Gazeta do Povo






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