A crise no Ministério dos Transportes levou à suspensão das 3 licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) que estavam em andamento em Mato Grosso. Elas preveem investimentos de R$ 382 milhões e visam melhorias nas principais rodovias federais do Estado.
As licitações tratam de intervenções principalmente nas BRs 163 e 364. Os processos suspensos se referem à execução dos serviços de apoio e assessoramento técnico às ações da Superintendência Regional do Dnit em Mato Grosso (R$ 19.700.502,62), execução dos serviços de supervisão das obras de restauração e recuperação da BR-174 na divisa de Mato Grosso e Amazonas (R$ 5.260.787,18) e melhoramentos para adequação de capacidade e segurança na 163, 364 e 070 (R$ 357.075.205,44).
As licitações foram suspensas nessa terça-feira (05) pelo então ministro Alfredo Nascimento, que não aguentou a pressão diante das denúncias de cobrança de mensalão em favor do PR. A medida valerá para todo o país e se estenderá por pelo menos 30 dias com argumento de que as denúncias feitas pela revista Veja e pelo jornal Folha de S. Paulo precisam ser esclarecidas antes de qualquer providência por parte do Ministério.
Mesmo com a paralisação das licitações, o governador em exercício, Chico Daltro (PP), afirma não acreditar em prejuízo para Mato Grosso. O pepista alegou ontem que a presidente Dilma Rousseff (PT) já demonstrou compromisso com o Estado. Também admite que o governador Silval Barbosa (PMDB) deverá pleitear a continuidade do comando do Dnit. "Ela tem a prerrogativa de escolher quem ela quiser caso haja alguma troca. O importante, no entanto, é manter um espaço conquistado depois de muita luta nesse Ministério tão importante".
Somando os projetos e obras já em andamento, os investimentos do Dnit em Mato Grosso representam quase R$ 9 bilhões. São mais de R$ 4 bilhões em rodovias, mais de R$ 2 bilhões em ferrovias e R$ 1 bilhão em hidrovia. Grande parte, no entanto, não vai ser atingida pela suspensão porque já está em andamento ou ainda vai ser iniciado o processo licitatório depois do prazo mínimo de 30 dias. Isso vale também para os projetos da Agência Executora das Obras da Copa do Mundo no Pantanal (Agecopa), da Ferronorte (que deverá ligar Alto Araguaia a Rondonópolis e Cuiabá) e Ferrovia Centro-Oeste (ligando Goiás, Mato Grosso e Rondônia).
A possibilidade de prejuízo para a Agecopa foi descartada pelo presidente em exercício da Agência, Roberto França, assim como fez em relação às ferrovias o secretário extraordinário de Estado de Acompanhamento da Logística Intermodal de Transportes, vereador licenciado por Cuiabá Francisco Vuolo.
Avaliação - A queda do ministro Alfredo Nascimento repercutiu e rápido ontem no meio político de Mato Grosso. Isso porque poderá representar perda de influência do Estado no Ministério. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PP), afirmou que a ministra Dilma Rousseff tem melhores condições de fazer essa avaliação sobre a medida, mas também demonstrou preocupação. "Ela que sabe quem deve ou não continuar na equipe. Só espero que essa decisão não seja para estancar a investigação. Isso tem que continuar sendo apurado. O importante é que Mato Grosso deverá continuar até o fim com as ações já previstas".
Fonte: A Gazeta/Só Notícias
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