O sindicato das empresas que atuam na prestação de serviços nas retro áreas dos portos catarinenses manifesta preocupação com a perda de competitividade vivenciada pelo segmento que atende terminais dedicados à movimentação e armazenagem de contêineres. A questão se relaciona à grande concentração que há neste campo nos terminais portuários na zona primária dos portos.
Segundo o advogado especializado em regulação do transporte marítimo e portuário, Osvaldo Agripino, professor do Mestrado e Doutorado em Direito da Universidade do Vale do Itajaí, a análise das participações no mercado catarinense comprova haver forte domínio de poucas companhias, algo característico do que se convenciona chamar de oligopólio.
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As estatísticas oficiais constantes do site da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (www.antaq.gov.br) mostram que em 2018 o market share dos terminais nas operações portuárias de contêineres de 20 pés (TEUs) no longo curso (transporte marítimo internacional), e no da cabotagem (transporte marítimo feito dentro do país) foi o seguinte: Portonave: 40,3%; Itapoá: 35,4%; Itajaí (APM): 19,6% e Imbituba: 4,7%.
Os dados comprovam que apenas dois portos privados - o de Navegantes (Portonave), e o de Itapoá - detém três quartos dos negócios que giram ao redor da movimentação e armazenagem de mercadorias no Estado. Essa situação tem causado efeitos negativos nos custos logísticos para quem depende desses trabalhos.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tem o compromisso legal de fiscalizar, combater e punir possíveis cartéis. Pela legislação, o órgão considera que uma empresa possui posição dominante quando tem mais do que 20% do mercado relevante. Como indicam os números da Antaq, no caso das operações portuárias de cargas no Estado, a TIL/MSC movimentou 40,3% na Portonave, e a Maersk, em Itapoá e no terminal da APM-Itajaí) responde por 54,9%.
Para o advogado, operações em mercados altamente concentrados como o catarinense, geram preocupações, especialmente pela verticalização da cadeia logística. Dois armadores (MSC e Maersk) são sócios dos três maiores terminais (Portonave, Itapoá e APM Terminals). No final de das contas o que está em jogo são os preços cobrados pelos serviços prestados.
Em meio a este contexto, a Fiesc vai debater, na quarta-feira, dia 13, a evolução das obras do complexo portuário do Itajaí-Açu e as demandas dos portos catarinenses. Estes serão os temas da reunião conjunta do conselho estratégico para infraestrutura de transporte e a logística catarinense, e da câmara para assuntos de transporte e logística da federação. O encontro será realizado em Navegantes.
Fonte: NSC Total