Logística: Fundo de private equity faz aporte de R$ 35 milhões no T-Grão de Santos para exportar soja
Com quase R$ 400 milhões à disposição para investir em infraestrutura, e 200 negócios avaliados desde que entrou em campo a menos de dois anos, o fundo Brasil Mezanino tem se mostrado prudente. Fechou um único negócio em 2009, um investimento de R$ 58 milhões na Eletrogoes, uma pequena usina hidrelétrica (PCH) em Rondônia, e anuncia hoje o primeiro aporte de 2010. Trata-se de uma aplicação de R$ 35 milhões em um terminal de granéis em Santos, o T-Grão. De tradicional importador de trigo - desembarca 75% do cereal que chega a Santos -, o terminal planeja ser alçado ao concorrido mercado de exportação de soja, onde dominam nomes como Bunge, Cargill e ADM.
Trata-se de uma rara, ou mesmo inédita, investida de uma não-trading no ramo de grãos, e foge da mais usual opção dos grandes grupos privados pelos investimentos em contêineres nos últimos anos. Segundo o responsável na Brasil Mezanino pelo investimento do T-Grão, Eduardo Farhat, foram analisadas seis possibilidades de negócios em terminais até eles definirem a proposta. "Queremos oportunidades em que sabemos que nosso investimento vai agregar algo ao negócio", diz Farhat.
No caso, tratava-se de um terminal voltado unicamente à importação, que estava subutilizado, e poderia passar a produzir mais com o novo investimento. Segundo o executivo, com base em dados divulgados pela administração do Porto de Santos, nos próximos anos haverá sobreoferta de capacidade de contêineres - e não há indicações claras de sobreoferta na área de grãos.
O capital da Brasil Mezanino é composto basicamente de recursos de fundos de pensão, como o Valia (da Vale) o Petros (da Petrobras), Funcef (CEF) e de recursos do BNDES. O Brasil Mezanino Infraestrutura é gerido pela Darby Stratus, gestora criada em 2007 de uma joint venture entre a americana Darby Overseas Investments e o grupo brasileiro Stratus. O chamado mezanino é um tipo de private equity no "meio termo" entre a compra de participação acionária e o empréstimo convencional. Trata-se de uma linha de crédito de longo prazo - 8 anos - com uma opção de conversão do crédito em participação acionária.
Os novos recursos deverão criar toda a infraestrutura para exportação e armazenagem, aumentando a capacidade de movimentação anual das atuais 700 mil toneladas para 3 milhões de toneladas em 2011. O atual proprietário do T-Grão, Virgílio Gonçalves Pina Filho, prevê que a receita anual pode subir de R$ 20 milhões para R$ 50 milhões com o fim dos investimentos - e há espaço no terreno para novas ampliações.
O plano de negócios, diz Pina, não é concorrer com as grandes tradings, mas explorar um nicho de mercado a que elas não chegam - as chamadas cargas segregadas. Grandes e médios produtores de soja, ou cooperativas, que não queiram vender sua carga para tradings, não têm hoje uma opção para exportar sua carga. "Nós vamos ser o único terminal de grãos de Santos que não opera commodities", diz o empresário. Ou seja, como é um mero prestador de serviço, não terá conflito de interesse para exportar cargas de terceiros, além de ter estrutura adequada para separar cargas com características específicas - por exemplo, soja não-transgênica, ou com registro de origem.
Fonte: Valor Econômico/ Fernando Teixeira, de Santos
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