A Triunfo Participações e Investimentos (TPI), holding que controla concessão de rodovias, porto privativo e hidrelétrica, teve lucro líquido de R$ 8,58 milhões no primeiro trimestre do ano, queda de 37,4% em relação ao mesmo intervalo de 2010. O recuo foi causado por uma reavaliação dos ativos da companhia em razão das mudanças de normas contábeis (adoção do IFRS), o que acabou aumentando a depreciação.
O efeito não afeta a base de lucro para dividendos, diz a diretora de relação com investidores da companhia, Ana Cristina Carvalho. O lucro distribuído aos acionistas ficou em R$ 25,18 milhões, queda de 2% quando comparado ao primeiro intervalo de 2010.
O resultado é consequência, principalmente, dos investimentos em negócios que ainda não tiveram receita, como a empresa de navegação doméstica (cabotagem) Maestra Logística. O braço marítimo da Triunfo já conta com duas embarcações próprias que devem entrar em operação ainda neste semestre. Até o fim deste ano, outros dois navios serão incorporados à frota da empresa.
Esse também foi um dos aspectos que impactaram o resultado financeiro da Triunfo no primeiro trimestre. A despesa líquida da holding foi de R$ 33,19 milhões, aumento de 37,6% na comparação com 2010. "Estamos consolidando as despesas da cabotagem. Contratamos tripulação, pessoal de apoio, e ainda não temos a receita vinda do negócio", explica Ana Cristina.
A receita operacional bruta do grupo cresceu 40,6%, chegando a R$ 205,6 milhões. O setor de concessão rodoviária respondeu por cerca de 56% desse montante, seguido pela operação portuária, com 18,2% de participação, e pelo segmento de energia, com 12%. O restante se dividiu entre construção de ativos das concessões de rodovia e outras receitas.
O destaque do desempenho operacional foi o segmento portuário. A receita da movimentação de contêineres e da Iceport (câmara frigorífica que integra as instalações da Portonave) cresceram 46,8%, para R$ 37,62 milhões, apesar da queda de 8,8% na movimentação física no terminal, para 124,2 mil Teus (os chamados contêineres de 20 pés). O resultado é reflexo do tipo de carga operada. Com o aumento das importações, em razão do câmbio, o fluxo dos desembarques tem crescido. Como o contêiner cheio geralmente paga pela armazenagem no terminal, a receita auferida é maior que do equipamento vazio, de exportação.
No primeiro quartil do ano, 71,5% dos serviços prestados corresponderam à movimentação de caixas cheias e 28,5%, à de vazias. A Iceport voltou a operar em fevereiro, depois da reforma no passado, e fechou os primeiros três meses do ano com receita de R$ 19,11 milhões. Ainda no setor portuário, a Triunfo obteve em abril a licença prévia do Ibama para o projeto de um novo complexo portuário privativo, a ser erguido no porto de Santos. O investimento está estimado em R$ 1,6 bilhão.
O tráfego total das concessões rodoviárias aumentou 8,8%, chegando a 19,79 milhões de veículos equivalentes. E arrecadação de pedágios aumentou 14,7%, para R$ 133,64 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) chegou a R$ 89,46 milhões, crescimento de 22% em relação ao mesmo período de 2010. Já a margem Ebitda, calculada sobre a receita líquida, caiu de 60,9% para 55,3%, ocasionada pelo aumento dos gastos no segmento portuário, devido à volta da operação da trading Iceport e aos gastos com o início do negócio de cabotagem Neste mês, a agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu nota A+(bra), com perspectiva estável, à Triunfo. De acordo com o relatório da agência, o perfil de negócios do grupo é baseado em um "diversificado portfólio de ativos que apresentam razoável previsibilidade e baixa volatilidade de resultados". O nível de endividamento no primeiro trimestre foi de 2,7 vezes o Ebitda.
Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pires | Para o Valor, de Santos
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