O navio-draga La Belle, da empresa Bandeirantes, que faz a dragagem do Rio Potengi, encalhou na entrada da barra, próximo à Guia de Corrente no leito da praia da Redinha. O navio, contratado pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), retira entulhos do leito do rio com o objetivo de aprofundar o canal para permitir a passagem de embarcações até 60 mil toneladas, a partir de dezembro deste ano. O problema com o a Belle ocorreu na noite da segunda-feira (2) e até o início da noite de ontem(3) ainda não havia sido solucionado.
Júnior SantosNa primeira tentativa de desencalhe o navio-draga falhou, mas tripulação do La Belle esperava a subida da maré para retomar os trabalhosNa primeira tentativa de desencalhe o navio-draga falhou, mas tripulação do La Belle esperava a subida da maré para retomar os trabalhos
Um rebocador da companhia tentou fazer o resgate do navio às 9h da manhã de ontem e, assim como nas tentativas de resgate de desencalhe de outras embarcações, não houve êxito na primeira tentativa. Fatos semelhantes ocorreram com a Corveta Forte de Coimbra da Marinha do Brasil, encalhada em 19 de novembro de 1996, e a do navio Canopus, encalhado em 15 de outubro de 1995.
De acordo com a assessoria de imprensa da Codern, o encalhe da embarcação foi um caso isolado e não vai atrapalhar a continuidade da operação de dragagem para aumentar a profundidade do leito da barra de 10 metros para 12,5 metros. No entanto, a Capitania dos Portos teve reunião com membros da Codern e da empresa contratada para as obras de dragagem para alertar sobre os cuidados necessários durante as tentativas de desencalhar a embarcação.
O capitão-de-fragata Alan Kardec, Capitão dos Portos, informou que a primeira tentativa de desencalhe não teve êxito devido a situação da maré, que estava desfavorável para a ação. “Achamos prudente manter a embarcação na mesma posição para a prevenção hídrica, que seriam possíveis vazamentos de óleo, o que não ocorreu até o momento. Com a posição da draga, podemos avaliar que goza de segurança e não há grande perigo de vazamento”, explicou o capitão, informando também que uma nova tentativa de retirada da draga estaria em curso às 21h de ontem, com um rebocador contratado pela empresa Bandeirantes e sob supervisão da Capitania dos Portos.
Dragagem
A retirada de entulhos será realizada da entrada da boca até o cais do porto. O lixo encontrado no fundo do rio é encaminhado ao Aterro Sanitário e a areia é jogada a 12 km do mar. O porto de Natal recebe uma média de 15 a 30 navios por mês, mas devido a pequena profundidade, vários outros acabam atracando nos portos de Pecém (Ceará) e o de Sauípe (Pernambuco).
Os navios que atracam no Rio Grande do Norte são na maioria navios da Marinha, veleiros, cruzeiros e outros que trazem carregamento de açúcar, trigo e produtos a serem comercializados na região. O canal só permite a passagem de embarcações de até 30 mil toneladas, mas após o trabalho de dragagem a Codern dobrar essa capacidade, chegando a receber navios de até 60 mil toneladas.
O intuito é incrementar a economia, com a passagem de mercadores vindas do sudeste do país, além de permitir o envio de mercadorias do Rio Grande do Norte para outros estados da federação. A Codern chama esse trecho de rota de cabotam, local onde trafegam navios de cargas entre portos marítimos nacionais ou entre portos localizados em rios. O Porto de Natal passaria a ingressar na rota regular de algumas embarcações.
Local é ponto de encalhe de embarcações
A entrada da barra é uma região onde outras embarcações já encalharam, como a corveta Forte de Coimbra, da Marinha do Brasil, que encalhou na “pedra da Baixinha”, no dia 19 de novembro de 1996 e o cargueiro Canopus a 150 metros da primeira, no dia 15 de outubro de 1995. Na época, o 3º Distrito Naval abriu inquérito policial militar para apurar a responsabilidade pelo acidente com a corveta. As hipóteses apontadas foram falhas nos equipamentos e erro de cálculo suficiente, para que a embarcação atravessasse o canal da barra.
O navio pesava 911 toneladas e tinha 56 metros de comprimento. O Canopus, embarcação holandesa, tinha 41 anos, e voltava de uma operação de reposição do farol da risca em Zumbi para melhorar a sinalização. A Capitania dos Portos ajudou no resgate dos 63 tripulantes, nenhum deles ficou ferido.
Após diversas tentativas de resgate, a corveta foi desmontada e as 800 toneladas de ferragens recicladas. O navio Canopus, encalhou nos arrecifes “Cabeça de Negro”, a 150 metros de distância do local onde encalhou a corveta Forte de Coimbra.
Fonte: Tribuna do Norte (RN) Natal
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