Uma das intervenções mais importantes para desamarrar o projeto que prevê o transporte de cargas pela Hidrovia Brasil-Uruguai pode estar próximo de um desfecho. Trata-se da dragagem do canal do Sangradouro, localizado ao Norte da Lagoa Mirim. Segundo o secretário estadual dos Transportes e Mobilidade, Pedro Westphalen, a licitação foi autorizada, e o edital deve ser lançado ainda em setembro. Depois de escolhida a empresa encarregada, as obras devem ser iniciadas no início de 2016. Ao todo, são cerca de R$ 125 milhões divididos entre aportes do governo, via PAC 2, e da iniciativa privada. Os contratos serão de cinco anos.
O projeto da hidrovia Brasil-Uruguai prevê a ligação da lagoa Mirim com a Lagoa dos Patos, viabilizando assim a navegação comercial no eixo Mercosul, com uma extensão de 1.087 quilômetros no Rio Grande do Sul e outros 80 quilômetros no Uruguai. Para isso, entretanto, é preciso aprofundar o calado dos trechos destinados a receber as embarcações de maior porte. O trajeto engloba, além das lagoas, os rios Jacuí, Taquari, Caí, Sinos, Gravataí, Camaquã, Jaguarão e canal São Gonçalo.
O secretário participou, na tarde de ontem, do painel de abertura da 12º edição do Congresso Navegar. O evento, promovido pela revista Conexão Marítima, em Porto Alegre, aborda, ao longo de dois dias de programação, uma extensa agenda temática, que inclui o debate sobre as possibilidades de Parcerias Público-Privadas (PPPs) no setor. Neste contexto, Westphalen afirma que essa é a principal saída para potencializar o aproveitamento das hidrovias gaúchas.
Isso ocorre, porque o abandono histórico dos cerca de 900 quilômetros de malha navegável do Estado determina que, enquanto a movimentação de cargas no porto do Rio Grande saltou 87% entre 2002 e 2014 - passando de R$ 105,5 bilhões para R$ 331,5 bilhões -, a participação das hidrovias caiu 44,44%, pois se manteve ano após ano em apenas R$ 5 milhões. No entanto, segundo o secretário, a retomada dos contatos com a consultoria holandesa, responsável pela elaboração de um master plan para o setor em 2008, começa a render novos frutos. A primeira novidade é a reativação do Terminal Santa Clara, em uma parceria com o Tecon de Rio Grande, que permitirá a retomada da navegação de navios com contêineres em Porto Alegre. "Em outubro, no mais tardar, já veremos isso em andamento no Guaíba. Isso é um avanço e também uma das recomendações do master plan. Enfrentamos os problemas e, em breve, teremos outras novidades", projeta.
Fonte: Jornal do Commercio (POA)/Rafael Vigna
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