De São Luís - Se o projeto logístico de escoamento do minério de ferro da Vale no norte do país se desenvolve dentro do coronograma esperado, o mesmo não pode se dizer dos planos para grãos, em especial da soja. A Vale tinha projeções que indicavam que o movimento de grãos na região norte do Brasil poderia chegar a 8,8 milhões de toneladas em 2013. Mas este ano a mineradora deve escoar cerca de 2,2 milhões de toneladas de grãos pelo berço 105 do Porto do Itaqui, em São Luís, operado pela empresa desde 1994.
Marcello Spinelli, diretor comercial da área de logística da Vale, informa que a projeção de movimentar 8,8 milhões de toneladas de grãos considerava a construção do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), projeto antigo cuja implementação já foi tentada, sem sucesso, nos últimos anos, pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), uma estatal portuária. A implantação do Tegram estaria alinhada, segundo Spinelli, com a entrega da primeira fase da Ferrovia Norte-Sul - que cruza os Estados de Maranhão e Tocantins -, cuja concessão pertence à Vale.
"Isso não aconteceu e vai frustrar não só a Ferrovia Norte-Sul, mas todo o desenvolvimento do agronegócio na região", disse Spinelli. Ele afirmou que a Vale está avançando na infraestrutura própria para os grãos, que envolve o berço 105 do porto do Itaqui. "Estamos investindo na ampliação de armazéns para aumentar a capacidade de movimentação de grãos para 3 milhões de toneladas."
Esse aumento deve estar disponível para a safra do ano que vem. Serão investidos US$ 70 milhões para ampliar a capacidade de movimentação de grãos em projeto ligado ao berço 105. O contrato desse berço, entre a Vale e a Emap, venceu em março do ano passado, mas a legislação prevê a possibilidade de ampliação do prazo contratual por até três anos para permitir que nesse período a autoridade portuária, no caso a Emap, organize o novo arrendamento.
Segundo Spinelli, a Vale fez um estudo de viabilidade técnica e econômica sobre o berço 105 e entregou o documento à Emap, que agora tem dois anos para fazer a licitação do berço. A Emap terá de fazer um projeto e submetê-lo à aprovação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Tribunal de Contas da União (TCU). Quando a licitação for realizada, a Vale deverá participar. Procurada, a Emap disse ontem, via assessoria, que não tinha porta-voz disponível para responder às perguntas enviadas pelo Valor. A ex-administração da Emap chegou a rever o projeto do Tegram e buscou integrá-lo com a Ferrovia Norte-Sul.
(Fonte: valor Econbômico/FG)
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