SÃO PAULO - Entidades representativas de setores empresariais esperam que a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), promova as chamadas reformas estruturantes, que vêm sendo prometidas por vários governos, melhore o controle dos gastos públicos e priorize a execução e licitação de obras fundamentais à infraestrutura no País. O presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, entende que, conquistada a estabilidade econômica, a nova presidente deve liderar as reformas tributária, trabalhista, previdenciária e política, implantar medidas concretas que reduzam a expansão dos gastos públicos e aumentem investimentos em projetos de infraestrutura.
"Nossa expectativa é que a presidente eleita sustente o período de prosperidade que superou a recente crise econômica global."
Para ele, o novo governo deve ter na qualidade da educação a mais alta prioridade e adotar uma agenda de inovação que torne a indústria mais competitiva.
Já o presidente da Confederação Nacional dos TRansportes (CNT), Clésio Andrade, diz que a entidade mantém um estado de alerta permanente na cobrança de melhorias na infraestrutura de transportes, em especial na malha rodoviária. "Esperamos que investimentos necessários para a recuperação das boas condições da malha rodoviária, bem como na resolução dos problemas e na expansão das ferrovias, aproveitamento do potencial aquaviário e expansão e reaparelhamento de portos e aeroportos sejam prio-rizados pela nova presidente."
Andrade relata que a entidade lançou o Plano CNT de Logística, em que prioriza a intermodalidade em um conjunto de propostas. De acordo com ele, "o modal rodoviário de carga precisa receber investimento total de R$ 160 bilhões para obras de construção, duplicação, faixa adicional, pavimentação e recuperação de pavimento de rodovias", prevê.
O presidente da CNT acrescenta que desde o segundo mandato do atual governo se percebe crescimento significativo de investimentos em infraestrutura de transporte. "Nos três anos e meio do segundo mandato do presidente Lula foi alocado um montante superior a R$ 27 bilhões para o setor, contra R$ 4 bilhões nos quatro anos da segunda gestão de Fernando Henrique Cardoso", comparou.
Apesar dos reconhecidos avanços, Andrade reforça que ainda há muito que ser feito. "Os desafios para a modernização de portos e aeroportos ainda estão aguardando os investimentos necessários. A retomada da infraestrutura ferroviária deve ser meta contínua para que o Brasil possa pensar em logística com intermodalidade", avaliou.
Fiesp, CNA e Febraban
A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) vai concluir hoje - durante o Congresso da Indústria - um conjunto de propostas à presidente eleita, Dilma Rousseff (PT).
Segundo o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade, Paulo Francini, o documento aborda vários temas, entre os quais a política cambial, monetária e fiscal. Ele não detalhou as propostas, mas disse que entre elas está a aceleração do processo de avaliação de queixas de empresas nacionais contra a prática de dumping por concorrentes estrangeiros. A assessoria da entidade informou ainda que deve sugerir proposições em torno da reforma trabalhista e tributária.
Já a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), através de sua assessoria, informou que a pauta de reivindicações do setor é a mesma apresentada durante a campanha eleitoral aos candidatos.
O documento foi gerado a partir de encontros regionais promovidos pela CNA. Intitulado "O que esperamos do próximo presidente", o texto enumera oito demandas principais: alimentos saudáveis, segurança jurídica, logística, meio ambiente, política agrícola, processo tecnológico, qualificação profissional e responsabilidade social.
Dos itens acima, a entidade enumera como prioridades a manutenção de uma estrutura de portos, ferrovias, rodovias e hidrovias que permitam o escoamento da produção; um mecanismo que estabeleça uma política de preços que permita que a produção nacional seja protegida das oscilações externas; e a coibição de invasões de propriedade e a demora do cumprimento de reintegrações de posse.
Também em nota, a Federação Nacional dos Bancos (Febraban) atribui a piora da qualidade da política fiscal ao ainda fraco quadro de recuperação mundial, combinado com o final de mandato do presidente Lula e um processo eleitoral bastante acirrado.
Em relação a Dilma, a expectativa da entidade bancária é de providências no front fiscal. "A expectativa é de que o novo governo comece a dar sinais de como pretende agir no front fiscal, o que deve ter impacto decisivo na formação das expectativas do mercado", diz o texto.
Fonte: DCI/Veruchka FavreAnderson Passos
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