Por Marli Lima, de Curitiba
Leo Pinheiro/Valor
O excesso de chuva no fim de 2009 fez a América Latina Logística (ALL) viver um de seus piores trimestres. De outubro a dezembro a empresa teve queda de 22% na receita líquida, que somou R$ 474,8 milhões, e registrou prejuízo operacional de R$ 274,6 milhões. Na última linha do balanço, o prejuízo apresentado foi de R$ 63,7 milhões, quase o dobro das perdas registradas em igual período de 2008.
Antes da virada do ano a empresa enfrentou quedas de barreiras, restrição ao tráfego e inundações como as que deixaram submerso um trecho de dois quilômetros no interior de São Paulo, no corredor que responde por 45% do volume de transporte da companhia. Além do clima, o resultado teve o impacto negativo do repasse da redução no preço do diesel para os clientes e da queda nas margens dos fretes, que foi de 11,7% no trimestre.
O diretor superintendente da empresa, Paulo Basílio, que era diretor financeiro e assumiu a nova função em janeiro, diz que "foi um trimestre difícil".
A ALL é a maior companhia ferroviária do Brasil e atua também na Argentina. Em 2009, sofreu com a quebra na safra agrícola do Paraná e do Rio Grande do Sul e também teve desempenho fraco no país vizinho.
Havia a expectativa de crescimento de 10% a 12% no volume de transporte no Brasil, mas o aumento foi de 5,8% - no quarto trimestre, houve queda de 7,1% no volume no país. No ano, as receitas líquidas somaram R$ 2,47 bilhões, com queda de 1,5% na comparação com 2008, incluindo os resultados de sua participação na Santa Fé Vagões.
A empresa fechou 2009 com lucro de R$ 31,7 milhões, 82,1% menor que os R$ 176,7 milhões do exercício anterior. Só fechou no azul porque lançou um crédito de R$ 254,8 milhões como Imposto de Renda diferido. A direção da ALL explicou que empresas da Brasil Ferrovias, adquirida pela companhia em 2006, carregavam prejuízos que foram agora compensados. Mas ressaltou que também foram lançados R$ 139 milhões a débito, referentes a amortizações de ágio de aquisição da operação da Argentina.
Agora a empresa espera um 2010 diferente, e os executivos afirmam que estão otimistas. "A produção de soja vai ser histórica e vai haver demanda forte por transporte durante todo o ano", prevê Basílio, com base nas projeções recentes da safra. Questionado sobre a operação na Argentina, ele responde que também espera ter bons resultados lá. No quarto trimestre, a ALL Argentina registrou queda 50,2% em volume.
Basílio conta que foi mantida a expectativa de crescer de 10% a 12% ao ano nos próximos cinco anos. Ele ainda não fala sobre o plano de sucessão, que deverá levá-lo a substituir o atual presidente, Bernardo Hees. Mas acrescenta que a companhia está entrando em um novo ciclo, depois do esforço exigido da equipe com a compra da Brasil Ferrovias.
"Vamos olhar negócios diferentes, em volta das ferrovias", adianta. Sem dar detalhes, o executivo admite que isso pode incluir contêineres, terminais e outros ativos ligados à logística de cargas. Se sair da presidência, Hees terá mais tempo para cuidar disso. "A companhia está bem estruturada para buscar novos projetos de longo prazo e avanços estratégicos", diz ele, nos comentários sobre os resultados. Em 2009 os investimentos da ALL somaram R$ 716 milhões. Para 2010, estão previstos R$ 700 milhões. (fonte: Valor)
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