A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que as exportações brasileiras poderão recuar cerca de US$ 20 bilhões neste ano, ou 10% do total, por conta dos efeitos da pandemia do novo coronavírus. Esse cenário, traçado em meados de março, foi divulgado nesta quinta-feira (2).
Com isso, o valor das vendas externas cairia de cerca de R$ 220 bilhões, em 2019, para um valor próximo de US$ 200 bilhões neste ano, segundo essa previsão inicial da CNI.
PUBLICIDADE
A entidade a avaliou que a recessão global provocaria uma redução de 56 milhões de toneladas de cargas nacionais indo para o exterior.
"A América Latina, grande destino dos nossos produtos manufaturados, poderá ter, nas próximas semanas, um aumento maior nas medidas para contenção do vírus, o que poderá vir a afetar ainda mais as exportações de manufaturas do Brasil", afirmou o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
Segundo Fabrizio Panzini, gerente de Negociações Internacionais da entidade, desde meados de março, quando foi feita essa previsão de queda das exportações, a deterioração do cenário econômico está muito forte, o que indica que o tombo nas vendas externas tende a ser maior.
"Esse é um dado conservador, de meados de março, mas [a queda de vendas externas] deve ser maior. Foi uma previsão inicial, que a cada semana muda. Quando a gente fez esse cálculo, não tinha essa questão dos Estados Unidos tão forte quanto temos agora, com medidas restritivas de verdade", explicou Panzini.
Para o diretor Carlos Abijaodi, a alta do dólar (que encarece os produtos exportados) pode representar uma "janela a ser aproveitada pelos exportadores", principalmente daqueles setores com cadeias de produção mais longas e envolvendo pequenas empresas como alimentos e bebidas, calçados, joias, móveis e vestuário. "Mas o câmbio é um elemento temporário de melhora da competitividade", acrescentou.
A CNI defende que o país pense em medidas para "sustentar e ampliar as exportações na retomada da economia pós-crise, preservando a capacidade da indústria de competir com setores mais intensivos em tecnologia, como aeronáutico, automotivo, eletroeletrônicos e de máquinas e equipamentos".
Fonte: G1