Com o país em crise e o Estado do Rio sendo um dos pontos frágeis – devido ao enfraquecimento da indústria do petróleo, paralisação do Comperj e impacto sobre a construção naval – o Porto do Rio também está sendo duramente afetado. Dados recentes indicam que, em movimentação de contêineres, o Rio ocupa modesto nono lugar nacional na movimentação de cargas. Um porto catarinense com menos de quatro anos de criação, Itapoá, está em sexto lugar nacional. O Porto do Rio tem 105 anos de tradição.
Na busca de motivos para se saber porque o segundo estado do país está relegado a essa situação no setor portuário, uma das razões citadas é a questão da dragagem. A dragagem feita no Rio, para permitir acesso de grandes navios, foi deficiente e, em razão disso, a Marinha não homologou as novas profundidades. Sem essa homologação, armadores não se aventuram a operar com unidades grandes, pois perderiam direito a seguro em caso de acidente.
Sabe-se que boa parte da indústria farmacêutica, que é forte no estado, passou a usar portos do Sul e, em seguida, levar e receber suas cargas por caminhão. Os terminais Libra e Multiterminais estão investindo, em conjunto, R$ 1 bilhão para ampliar e modernizar suas áreas e, por isso, receberam da União antecipação de renovação da concessão por mais 25 anos; no entanto, de pouco adianta modernizar terminais, se o acesso está bloqueado. É como se um hotel cinco estrelas estivesse localizado junto a ruas não asfaltadas.
A Associação dos Usuários (Usuport) alega que, no projeto Porto Maravilha, teve de lutar muito para impedir o fechamento de portões, mas afinal as obras devem beneficiar o porto, com melhor acesso para caminhões. Afirma o presidente da Usuport, André de Seixas:
– Já há ordem de serviço da Secretaria Especial de Portos para nova dragagem do Porto do Rio, o que permitirá operação com navios de 12 mil contêineres, quando hoje o máximo é de 8 mil. Também contamos com melhorias, como a Avenida Portuária e via alternativa que irá retirar caminhões da Avenida Brasil diretamente para o porto. As perspectivas são boas, mas os usuários têm pressa – disse. Seixas frisa que, entre repasse de ICMS e ISS, a prefeitura fatura R$ 1 bilhão com o porto e só recentemente atentou para sua importância econômica. Pessimistas temem que a nova dragagem caia na malha fina de Joaquim Levy.
Fonte: Monitor Mercantil/Sergio Barreto Motta
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