Motivo de preocupações crescentes nos últimos anos, a capacidade dos principais portos do país para escoar as exportações de grãos, sobretudo soja e milho, tende a ser suficiente para suportar os grandes volumes previstos para o ano que vem, aponta estudo do braço brasileiro da consultoria americana FCStone. Mas essa situação dependerá, em grande medida, do cronograma desses embarques, já que há intervalos agudos de concentração que podem travar as operações.

O levantamento aponta que, de fevereiro a maio - período mais crítico desse escoamento, quando o Brasil será a principal fonte global de soja -, o "cenário factível" sinaliza que os portos de Ilhéus (BA), Manaus (AM), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS), Salvador (BA), Santarém (PA), Santos (SP), são Francisco do Sul (SC), São Luís (MA) e Vitória (ES), terão condições para embarcar, em conjunto, 36,8 milhões de toneladas de soja em grão, farelo de soja e milho.

De fevereiro a agosto, quando ocorre a maior parte das exportações anuais, a capacidade total de embarque desses produtos nos portos citados chega a 62,2 milhões de toneladas, conforme o "cenário factível" desenhado. Em todo o ano de 2013, o volume poderá chegar a 106,6 milhões de tonelada, sempre de acordo com o estudo da FCStone. As maiores capacidades estão em Santos (34,5 milhões de toneladas no ano), Paranaguá (24,2 milhões) e Rio Grande (16,4 milhões).

Segundo a consultoria, esses cálculos levam em consideração a média dos cinco meses de maior volume exportado em cada um dos portos analisados entre janeiro de 2008 e agosto de 2012. "A partir da média mensal baseada nesses cinco meses, calculou-se uma média diária e está última foi utilizada para se chegar aos números do 'cenário factível' para o período considerado", informa a empresa.

Nas últimas projeções para esta safra 2012/13 que publicou - hoje sai um novo relatório -, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou as exportações de soja em grão em toda a temporada em 36,3 milhões de toneladas. Os embarques de farelo de soja foram projetados em 14,9 milhões de toneladas e os de milho, em 15 milhões. O volume dos três produtos, portanto, poderá somar 66,2 milhões de toneladas, ante as 65,1 milhões do ciclo 2011/12.

Ainda segundo a FCStone, os portos de Maceió (AL) e Recife (PE) não entraram na análise porque não registraram exportações de soja em grão, farelo e milho no período que serviu de base para o cenário traçado. Nos portos de Paranaguá, Salvador, Santos e Vitória, foram excluídos os volumes esperados para os embarques de açúcar da capacidade disponível para os granéis sólidos. Em Paranaguá, Rio Grande, Santos e São Francisco do Sul, foram excluídos os volume esperados para os embarques de trigo. "Assim, a capacidade restante pode ser utilizada para a exportação de soja, farelo de soja e milho", afirma o estudo.

Segundo a FCStone, o "cenário factível" aponta para capacidades de exportação de soja em grão pelos portos incluídos no levantamento de 22,7 milhões de toneladas entre fevereiro e maio e 38,8 milhões de fevereiro a agosto.

Se no "cenário factível" os 12 portos incluídos no estudo têm capacidade para exportar 36,8 milhões de toneladas de soja em grão, farelo e milho de fevereiro a maio, 62,2 milhões de fevereiro a agosto e 106,6 milhões em todo o ano de 2013, no "cenário de máxima" esses volumes saltam para 50,8 milhões, 89,7 milhões e 154,4 milhões, respectivamente. Mas esse horizonte foi traçado com base no mês que apresentou o maior volume exportado em cada porto no intervalo de janeiro de 2008 a agosto de 2012, e não a média dos cinco melhores meses.

Fonte: Valor Econômico/Por Fernando Lopes | De São Paulo

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