Nos últimos 14 anos, as seis concessionárias que detêm quase a totalidade dos 30 mil quilômetros de trilhos brasileiros investiram apenas um sexto do necessário para revigorar os trilhos brasileiros e ampliar a malha em pontos críticos para o escoamento da produção agrícola e industrial do país, e também implementar o transporte de passageiros. Ainda que mais eficiente que na época estatal e recebendo 18 vezes mais investimentos privados que da União, a malha ferroviária nacional precisa de R$ 151,3 bilhões na próxima década.
A conta é de uma pesquisa da Confederação Nacional de Transporte (CNT) e supera os R$ 102 bilhões apontados pelo governo federal para o mesmo fim. O estudo, que cobriu os 13 principais corredores ferroviários do país e coletou a opinião dos usuários dessas linhas, aponta ainda que as intervenções mais cruciais do Paraná demandam R$ 2,4 bilhões.
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Como levantar todo esse dinheiro? Segundo o presidente-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça, só com maior segurança jurídica e o apoio do poder público para resolver os problemas da malha atual, como a retirada dos trilhos das zonas urbanas. “Cerca de 80% do que existe hoje foi construído há dois séculos. Em fevereiro apresentaremos ao governo federal um conjunto de oportunidades de investimento para resolver os problemas existentes. O montante deve ficar em R$ 20 bilhões”, diz Vilaça. A partir daí é que ele acredita que será possível criar parcerias público-privadas mais seguras e que deem conta de aumentar a malha do país para 52 mil quilômetros e dobrar o número de 14 mil funcionários.
Prioridades
Para a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), os projetos de infraestrutura carecem de subsídios econômicos que definam o que é prioridade ou não. Por isso a Fiep encomendou, junto com as entidades irmãs de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, um estudo que vai estimar que retorno econômico um determinado projeto trará ao setor industrial. “É algo fundamental para tirar o caráter político da infraestrutura do país”, comenta Paulo Ceschin, coordenador do Conselho Temático de Infraestrutura da Fiep.
Embora já tenha elencado suas prioridades, como o ramal Guarapuava-Cascavel e uma nova linha para Paranaguá, a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) encomendou um estudo para revelar o custo real da operação das ferrovias. “Queremos pressionar a ANTT [Agência Nacional de Transportes Terrestres], a partir de maio de 2012, a reduzir o teto do custo do frete das concessionárias. Acreditamos que a política de preços hoje seja especulativa e acima do real valor”, observa o assessor econômico e técnico da entidade Nilson Hanke Camargo.
Fonte: Gazeta do Povo