Os importadores de açúcar brasileiro que negociarem hoje um carregamento do produto apenas conseguirão embarcá-lo, pelo Porto de Santos, em meados de setembro. A afirmação é do diretor comercial e de logística da Açúcar Guarani, Paulo José Mendes Passos.
"Atualmente, existe uma forte demanda por açúcar brasileiro que, vinculada a uma deterioração das condições logísticas, criaram uma situação complicada na exportação", disse.
Segundo o executivo, uma fila de 450 caminhões aguardam para descarregar açúcar no Porto de Santos. Esses veículos transportam 13.500 toneladas e esperam para descarregar nos armazéns.
No Porto de Paranaguá, a fila de caminhões soma 150 carretas. "Os veículos ficam presos mais tempo e criam um gargalo porque outras commodities, como o milho, também precisam chegar ao porto via rodoviária. O resultado é um aumento do frete em cerca de 15% nos últimos meses", constata Passos.
Espera para descarregar o produto, encarece o frete em
até 15%
No embarque, a situação também é grave. Em Santos, todos os oito berços destinados ao açúcar estão ocupados e cerca de 60 navios esperam na costa para atracar.
"Nos próximos dias, serão 111 navios apenas em Santos à espera do açúcar", estima o consultor Plínio Nastari, presidente da Datagro, especializada no setor sucroalcooleiro.
Na avaliação dele, há um descasamento entre a produção e a capacidade de embarque do produto. Em Paranaguá, dois navios carregam e mais 14 esperam na barra por um berço livre.
Helder Gosling, diretor comercial e de logística do Grupo São Martinho, afirma que a empresa recorre a uma alternativa intermodal para fugir dos gargalos, principalmente pelo transporte ferroviário.
"O problema de escoamento do porto, no entanto, afetou até a ferrovia", destaca. De acordo com o executivo, não há muitos vagões disponíveis para o transporte de açúcar porque muitos estão presos no porto, com o atraso registrado no descarregamento.
Na avaliação de Gosling, as recentes chuvas foram um fator importante para o obstáculo logístico existente neste momento no embarque de açúcar. "Os problemas que o clima provocou na produção no ano passado, agora, refletem nos embarques ", afirma.
Neste momento, a demanda internacional pelo açúcar é grande porque existe um déficit mundial do produto pelo segundo ano consecutivo.
"Muitos países produtores registraram uma safra menor que o esperado como Índia, Rússia e até a Colômbia, o que tornou o Brasil o único fornecedor do produto pelo menos até outubro quando começa a safra dos países do Hemisfério Norte", diz Nastari.
Além disso, muitos países também precisam recompor os estoques. Os países muçulmanos do Oriente Médio procuram pelo produto para abastecer o mercado interno antes do mês de Ramadã, quando o consumo de açúcar é elevado.
Nastari informa que a demanda é tão grande que o produto brasileiro é negociado com prêmio sobre o preço base em plena safra, quando o normal é que o valor sofra um desconto durante esse período.
A expectativa é de que julho registre uma exportação brasileira recorde de açúcar, superando pela primeira vez na história as 3 milhões de toneladas.
O recorde anterior foi registrado em setembro de 2009, quando as exportações atingiram 2,55 milhões de toneladas.
Fonte: Agência Estado Eduardo Magossi
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