Mais da metade aguarda para embarcar açúcar, que tem forte demanda internacional
A queda na produção de açúcar em oitos países e o mal tempo estão provocando um congestionamento gigantesco no Porto de Santos. Segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo, CODESP, nesta quarta-feira havia 104 navios parados. Se a chuva parar, o porto ainda vai demorar um mês para acabar com a fila.
Entre atracados e na espera para atracar havia 64 navios, com capacidade para embarcar 2,22 milhões de toneladas de açúcar. E o problema não pára por aí. Outras 21 embarcações estão sendo esperadas para os próximos dias.
Em condições normais apenas dez navios ficam na fila de espera. O embarque que antes demorava apenas uma semana agora está chegando a 40 dias.
Clima favorável
O grande movimento de exportação começou em Maio nos portos de Santos, em São Paulo, e Paranagua, no Paraná, que são os maiores do país. Mas, 70% do açúcar exportado vai para Santos. Esta concentração de embarques e um único período contribuiu para o congestionamento.
Outro fator é a quebra na safra em outros países, como Índia, Rússia e até a Colômbia. Por conta disso, neste momento, o Brasil é o único país do mundo que tem açúcar para vender. E a pressão da demanda ficou ainda maior porque a China, que antes exportava açúcar, agora está importando.
Clima desfavorável
Este cenário seria ótimo para o Brasil não fossem os gargalos de infraestrutura portuária. Ocorre que as operações com o produto a granel só podem ser feitas com tempo firme e a chuva tem comprometido o trabalho.
Os navios que estão fundeados a mais de 10 quilômetros da orla santista devem iniciar o processo de embarque somente no mês de setembro. E a situação que pode piorar caso continue chovendo.
Boa notícia: em um futuro próximo este cenário poderá não se repetir porque o Porto de Santos passará por reformas e, em dois anos, o mal tempo não vai mais prejudicar as exportações.
Clima tenso
Os lados envolvidos na questão não se entendem. Os exportadores brasileiros reclamam, principalmente, do sistema logístico do país e do prejuízo financeiro causado pelo atraso e dias que os navios ficam parados no porto. A demora gera um custo estimado de 20 mil dólares por dia para cada navio.
As consequências são ruins também para a logística que leva o produto até o porto. Caminhões e vagões de trem ficam presos em longas filas por mais tempo que o normal. E isso tem reflexo também em outras commodities.
Segundo a assessoria de imprensa do Porto de Santos, o problema não está na estrutura ou logística utilizada e sim no reflexo de mercado aquecido, provocado pela forte demanda pelo açúcar brasileiro.
No primeiro semestre, o Porto de Santos atingiu o maior movimento já registrado, com 44,8 milhões de toneladas, ficando acima do volume verificado nos seis primeiros meses do ano passado (38,4 milhões t). E o açúcar contribuiu para este resultado, com um crescimento de 12,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
A assessoria divulgou ainda que houve um incremento de 49,6% nas cargas de importação, que contribuíram diretamente no resultado.
Fonte:EPTV
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