O governador Orlando Pessuti vetou o projeto de criação da Ferrosul, na manhã de ontem. O projeto promoveria a integração ferroviária do Paraná com Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul e já tinha sido aprovado pela Assembleia Legislativa de três estados.
A iniciativa previa uma sociedade que forneceria 25 % do ativo da Ferroeste, atualmente avaliado em R$ 322 milhões, para cada um dos estados. Futuramente, a malha ferroviária seria integrada entre os estados e poderia chegar até o Chile.
“Como investir em construção de tantos quilômetros de trilhos se a Ferroeste atualmente não consegue sequer pagar o combustível?”, questiona o atual presidente da instituição, Neoroci Antônio Frizzo, favorável ao veto.
Desde que assumiu a presidência, em 14 de julho, ele tenta reestabelecer o equilíbrio financeiro da Ferroeste, que acumula dívidas de R$ 8,5 milhões que não são pagas há mais de um ano. Se não forem pagas até dezembro, o montante pode chegar a R$ 12 mil.
“Esse volume de dívidas, para uma instituição que fatura R$ 1,2 milhão e tem um déficit mensal de R$ 700 mil é inaceitável”, ressalta Frizzo. A empresa coordena 248 quilômetros de ferrovias que ligam Cascavel a Guarapuava.
Um plano de recuperação já está em andamento e haverá ajuda do governo estadual para negociar o parcelamento das dívidas com os dez principais credores.
Os primeiros cortes nos gastos já foram realizados. As más condições das locomotivas e vagões e a falta de manutenção geravam boa parte dos gastos mensais.
Seis locomotivas sucateadas foram devolvidas aos proprietários, gerando uma economia mensal de R$ 65 mil que eram pagos de indenização. A demissão de cinco assessores é outro fator que causou economia de R$ 40 mil por mês.
“Quando assumi encontrei a Ferroeste sob má gestão administrativa dos recursos. Eram pagas até 20 diárias por mês em excessivas viagens da diretoria, por exemplo”, pontua o presidente.
O fim das “brigas” com a América Latina Logística, que administra o resto da malha ferroviária do Estado, também é importante para o desenvolvimento da Ferroeste. O contrato de operação mudará e a empresa privada poderá tracionar nos trilhos da Ferroeste caso haja oferta de carga acima de 130 mil toneladas ao mês.
Apesar de ser contra o projeto da Ferrosul, Frizzo garante que é a favor da integração ferroviária. “Ela é fundamental para o desenvolvimento, mas deve partir da União para que o Paraná seja indenizado por perder o comando da empresa”, afirma.
Fonte: O Estado do Paraná/Fernanda Deslandes
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