O governo federal decidiu manter o calendário dos leilões de portos, aeroportos e rodovias previstos para este ano, mesmo diante dos efeitos da pandemia do coronavírus. A avaliação do Ministério da Infraestrutura é que a crise econômica causada pela Covid-19 não vai afetar a atratividade para os ativos nem o cronograma das licitações.
A manutenção dos leilões pode garantir cerca de R$ 24 bilhões em investimentos privados no país, nos próximos anos.
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A decisão é diferente de medidas tomadas para outros setores também afetados pela crise. Os leilões para exploração de óleo e gás e para geração e transmissão de energia elétrica foram suspensos pelo governo.
No primeiro caso, por conta da alta volatilidade do preço do petróleo, que atingiu baixas históricas nas últimas semanas.
No caso da eletricidade, houve uma forte queda na carga, que também afetou o planejamento do setor. Já para os casos do transporte, a avaliação é que a queda na demanda registrada agora é passageira e não vai afetar os leilões. O movimento dos aeroportos caiu mais de 90% e o das rodovias, mais de 40%.
— São ativos de 30 anos, de longo prazo. A gente vê os investidores interessados. Muitos concorrentes nossos, com a Índia, tiraram os projetos da praça. A gente não vislumbra fuga de investidores — adianta a secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias do Ministério da Infraestrutura, Natália Marcassa.
Apesar de manter os leilões de aeroportos, o governo vai revisar a demanda prevista para estes ativos e adaptar o projeto à nova realidade. Projeções da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) apontam que o movimento do aeroportos só vai voltar ao nível pré-crise em 2022. Isso precisará ser levado para os leilões, com novos valores de outorga ou investimentos menores no curto prazo.
Aeroportos em três blocos
O governo quer fazer neste ano leilão de três blocos de aeroportos: Sul, puxado por Curitiba e outros terminais do Paraná e do Rio Grande do Sul; Norte, com Manaus, Porto Velho, Rio Branco e Boa Vista; e o bloco Central, com Goiânia, São Luís e Teresina.
— Não suspendemos nenhum dos nossos leilões e entendemos que o coronavírus vai impactar muito pouco o nosso cronograma — diz a secretária.
No caso das rodovias, a avaliação é que as estradas que irão a leilão são muito focadas no transporte da produção agrícola, que não foi impactada pela crise. O governo prevê leiloar neste ano a BR-163, entre Sinop (Mato Grosso) e Miritituba (Pará), e a BR-153, entre Anápolis (Goiás) e Aliança do Tocantins.
— Tudo que é agro não tem demanda impactada. Como a nossa logística é muito voltada para o agro, a gente não visualiza grandes impactos — comenta Natália.
Claudio Frischtak, da Inter.B Consultoria, avalia que os investidores de infraestrutura são voltados para o longo prazo e procuram construir uma carteira de ativos, o que favorece os leilões. Mas o governo precisa dar condições menos adversas e com menos riscos para os investidores, principalmente financeiros, entrarem nos negócios, defende ele:
— É preciso fazer as coisas mais amigáveis para investidores financeiros, que têm perspectivas de médio e longo prazos. No Brasil, estamos com excesso de demanda de investimentos.
Fonte: O Globo