Trabalhadores da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) pretendem impedir a entrada e a saída de navios no Porto de Santos. O plano será colocado em prática a partir da próxima quarta-feira (29), quando será iniciada uma greve da categoria. Enquanto isso, usuários do cais santista já temem transtornos logísticos e prejuízos.
A decisão dos portuários de cruzar os braços foi tomada em assembleia na noite da última terça-feira (21), na sede do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport). Segundo a entidade, o motivo da paralisação é o fato da Codesp não garantir a data base da categoria e oferecer uma proposta de acordo coletivo que reduz benefícios já praticados.
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“A prioridade da greve é focar na área operacional e na greve portuária porque, assim, os impactos serão maiores. Sabemos das dificuldades de adesão das pessoas que têm cargos de confiança”, explicou o presidente do Sindaport, Everandy Cirino dos Santos.
Segundo o líder sindical, a entidade pretende manter o contingente mínimo de 30% de trabalhadores atuando em departamentos “que não podem parar”. É o caso dos setores responsáveis pela atracação de navios, pela Guarda Portuária e também pelo fornecimento de energia elétrica produzida na Usina Hidrelétrica de Itatinga.
A informação já causa temor entre os usuários do Porto de Santos. Para o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, a situação deve criar filas de navios na Barra de Santos. “Temos informações de que apenas os navios que chegarem até as 7 horas de quarta-feira serão liberados na reunião de atracação do dia anterior”, afirmou Roque.
Além de impactos na programação de atracações, o executivo teme que não sejam disponibilizados amarradores para as operações. O diretor cobra um posicionamento da Autoridade Portuária com orientações para o período de greve.
“Caso venha a ocorrer a paralisação nas operações portuárias em razão do insucesso das negociações, o prejuízo será irreparável à economia nacional, bem como a todo processo logístico em andamento, para o atendimento das programações das exportações e importações prevista para o período”, afirmou o diretor-executivo do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), José dos Santos Martins.
Manifestação pode ser suspensa
Os funcionários da Autoridade Portuária cogitam suspender a greve prevista para a próxima quarta-feira, caso a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) prorrogue por 30 dias o acordo coletivo dos portuários. Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), Everandy Cirino dos Santos, a categoria aguarda uma confirmação oficial da Docas até terça-feira (28). Esta é a data em que já está marcada uma assembleia na sede do sindicato. “Se o presidente (da Codesp, Casemiro Tércio Carvalho) encaminhar um documento que prorrogue o acordo que está em vigor por mais 30 dias, nós votamos pela suspensão da greve”, afirmou o sindicalista.
Assim como representantes da Autoridade Portuária, o diretor-executivo do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), José dos Santos Martins, acredita que os portuários podem desistir da greve. A entidade vem acompanhando a negociação entre as partes “na certeza de que a diretoria da Codesp conseguirá pleno êxito no objeto pretendido, eliminando assim o risco da paralisação anunciada”.
“Existe ainda a possibilidade de prorrogação por mais 30 dias que esta sendo discutida entre Codesp e os sindicatos, possibilitando assim um tempo maior para as negociações e eliminação do risco da paralisação na próxima quarta-feira”, afirmou o diretor-executivo do Sopesp. Procurada pela Reportagem, a Autoridade Portuária não revelou planos para minimizar os impactos da greve nas operações do Porto. A estatal apenas informou que está “envidando esforços para flexibilizar a proposta feita aos sindicatos e evitar a greve. Nesse sentido,
a companhia está em contato com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), vinculada ao Ministério da Economia, que tem a prerrogativa de aprovar condições e percentuais de reajustes dos acordos coletivos”.
Fonte: A Tribuna