O ministro de Portos e Aeroportos (MPor), Silvio Costa Filho, participou, nesta terça-feira (15), da reunião, liderada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, do Comitê Interministerial, criado pelo governo federal com participação do setor produtivo, para discutir o anúncio pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que passará a cobrar, a partir de 1º de agosto, tarifas de importação de 50% sobre os produtos brasileiros.
Também participaram os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Casa Civil, Rui Costa, do Planejamento, Simone Tebet, e a ministra substituta das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha. Pelo setor produtivo, acompanharam a reunião representantes da indústria da aviação (Embraer), do setor industrial, de máquinas e equipamentos, calçados, alumínio, têxtil, madeira, autopeças e aço, entre outros. O objetivo do Comitê é buscar alternativas para evitar que a economia brasileira seja prejudicada.
PUBLICIDADE
“Quero me colocar à disposição de todos os setores, especialmente daqueles que atuam nos portos brasileiros, para que possamos colaborar neste momento mais delicado”, afirmou Costa Filho.
Na ocasião, o ministro de portos e aeroportos propôs a elaboração de um planejamento estratégico para a próxima década, lembrando que a economia mundial é extremamente globalizada. “Acho que devemos transformar este momento que estamos vivendo em uma janela de oportunidades”, sugeriu.
O Comitê Interministerial foi criado por decreto presidencial publicado nesta terça-feira (15) no Diário Oficial da União. A meta das reuniões do grupo é “deliberar sobre a possibilidade de adoção de contramedidas provisórias” e “acompanhar as negociações para a superação das medidas unilateralmente impostas em detrimento da competitividade internacional brasileira”.
ApexBrasi critica Trump e pede diálogo
Também nesta terça-feira, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por impor tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. Para ele, a medida representa retrocesso nas relações comerciais entre os dois países e mistura questões políticas com argumentos comerciais inconsistentes.
Viana ressaltou que o comércio bilateral tem sido historicamente positivo para os Estados Unidos, diferentemente do que afirma Trump. “Nos últimos 15 anos, gerou mais de US$ 400 bilhões de saldo para os Estados Unidos, mas é também muito bom para o Brasil. E, se formos pragmáticos, separando a parte ideológica, política e cuidarmos da parte do comércio, acho que vai ter diálogo”, ressaltou.
O presidente da ApexBrasil chamou atenção para a forte interdependência nas cadeias produtivas entre os dois países e alertou para os impactos negativos que a elevação das tarifas pode causar aos próprios Estados Unidos. “Os Estados Unidos têm dependência do suco de laranja do Brasil. Mais de 70% do que se consome lá é o Brasil que fornece. Eles têm uma dependência do aço brasileiro de mais de 30%”. Segundo ele, os efeitos da medida podem ser sentidos de forma mais aguda em estados com forte presença exportadora. “Praticamente 70% do que nós exportamos para lá sai do Sudeste. Os grandes prejudicados serão São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais”, reforçou.
Apesar da gravidade da situação, o presidente da ApexBrasil defendeu a manutenção do diálogo como prioridade. Segundo ele, a opção por medidas de reciprocidade ou recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) devem ser adotadas no último caso, se o diálogo não tiver andado. Ele elogiou o Congresso por ter aprovado a Lei de Reciprocidade que dá ao Brasil instrumento de defesa de seus interesses. “Mas, antes disso, eu acho que temos que apostar no diálogo e no entendimento”.