Empresário diz que mercadoria leva mais tempo parada no porto de Santos do que na travessia desde a China
Se volume continuar crescendo, capacidade pode ser alcançada em 2011; Codesp diz que Santos vai suportar
O porto de Santos, por onde passa 27% do comércio exterior brasileiro, deve alcançar a marca recorde de 96 milhões de toneladas de carga em 2010, informa a Codesp, a empresa que administra o complexo.
Só em 2010, o porto terá movimentado 13 milhões de toneladas a mais do que em 2009. Caso repita o desempenho em 2011, Santos poderá se aproximar de seu limite, estimado em 120 milhões de toneladas. A grande movimentação neste ano já foi possível graças a uma rotina de filas e atrasos.
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) reservou R$ 493 milhões em recursos, em parte aplicados. O setor privado também tem um carteira de obras de R$ 3,18 bilhões até 2014.
A questão é que o ajuste da infraestrutura pode não ser rápido o suficiente para evitar mais um ano de filas e confusão, sobretudo se o dólar continuar desvalorizado e o PIB crescendo mais de 6%.
O crescimento das exportações em 2010 ajudou, principalmente a venda de commodities, sobretudo soja e açúcar -esse um dos itens que congestionaram Santos em 2010. Mas foi a importação que surpreendeu até o principal executivo do maior terminal de contêineres do país, a Santos Brasil.
"Ninguém esperava um volume de importações desse tamanho. Não há infraestrutura que suporte um crescimento tão rápido", disse Antônio Carlos Sepúlveda, presidente da Santos Brasil.
Até outubro, as importações gerais do porto cresceram 40,4%, alcançando 26,34 milhões de toneladas.
O resultado foi o esperado: o tempo médio para liberação das importações ultrapassou todos os limites.
"Hoje está demorando mais liberar uma máquina importada em Santos do que todo o tempo de viagem do equipamento da China até aqui", diz Paulo Castelo Branco, vice-presidente da Abimei (Associação Brasileira de Importadores de Máquinas Ferramentas e Equipamentos Industriais).
RECLAMAÇÕES
A Santos Brasil admite que o maior terminal do porto tem recebido reclamações quanto ao tempo para liberação das mercadorias.
"O tempo médio de liberação de um contêiner aqui era de 11 dias. Hoje, está em 17. Isso não é bom para o terminal, porque atrapalha o fluxo dos navios", diz. Essa média é mais de três vezes superior ao tempo de terminais fora do país.
Carlos Kopittke, diretor comercial do porto, diz que esses atrasos preocupam, mas sustenta que novos investimentos em terminais, nos acessos e o início do projeto "Porto sem papel" vai ajudar muito em 2011 a desafogar Santos. Ele avalia que isso suporta novo crescimento.
Fonte: Folha de São Paulo/AGNALDO BRITO/ENVIADO ESPECIAL A SANTOS (SP)
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