Ao lado da irrigação e de novas técnicas de produção, a dotação de infraestrutura adequada à atividade foi outra estratégia que viabilizou o desenvolvimento do agronegócio no Ceará. Em levantamento realizado pela Agência de Desenvolvimento do Estado (Adece) sobre a questão, o aumento da capacidade de armazenamento e distribuição de recursos hídricos, a logística de transporte e a garantia de energia são destacadas como caminhos trilhados nessa direção.
No que diz respeito às vantagens em infraestrutura de produção no agronegócio assumem especial destaque 12 bacias hidrográficas e 500 açudes, a capacidade de armazenamento de 18 bilhões de metros cúbicos de água e a perenização de 2,6 mil quilômetros de rios, procurando gerar eficiência econômica e hidráulica na irrigação.
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A fim de integrar essas bacias e poder levar água a regiões mais necessitadas do recurso, foram construídos ainda o Canal do Trabalhador, com extensão de 105 quilômetros, responsável pela irrigação de sete mil hectares; e o Eixo da Integração, cuja última etapa foi inaugurada neste ano. A obra percorre 255 quilômetros, levando água para o perímetro de Tabuleiro de Russas e o Pecém, permitindo a irrigação de 25 mil hectares.
Outro grande projeto dessa natureza é o Cinturão das Águas, que quando a integração do Rio São Francisco estiver concluída, vai interligar as bacias hidrográficas do Estado, inclusive as micro-bacias, beneficiando 93% dos municípios cearenses. O trecho 1, denominado Jati-Cariús, terá 160 quilômetros; e o segundo, Cariús-Acaraú, possuirá 380 quilômetros. Ao todo deverão ser seis trechos, com várias alternativas.
Comercialização
Por outro lado, a comercialização do produto do agronegócio cearense é assistida pelos Portos do Mucuripe e do Pecém, com destaque para este último ao consolidar, em 2011, a sua posição como maior porto exportador de frutas (35%), pescados (22%), e castanha (78%) do Brasil, numa tendência de liderança que vem se mantendo desde então. Nesse quesito, o Ceará se destaca também pela localização estratégica em relação ao Hemisfério Norte.
Já o Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, por sua vez, possui câmaras refrigeradas para pescado, flores e frutas, voando diretamente para os Estados Unidos e a Europa.
Sem contar os projetos de reforma e construção de aeroportos regionais empreendidos pelo governo estadual, incluindo aí os aeródromos de Aracati, Crateús, Iguatu, Jericoacoara, Juazeiro do Norte, Quixadá e Sobral e ainda um em Canindé e outro em Itapipoca.
Ainda no sentido de escoar a produção agropecuária do Ceará, está sendo concebido o Arco Metropolitano, que interliga a BR 116 ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). Sem contar o aguardado projeto da Transnordestina, com 1.860 quilômetros de extensão, com terminação no Cipp e permitindo interligar o Ceará às regiões de Salgueiro e Petrolina, em Pernambuco.
Energia
No quesito energia, o Estado vem procurando aumentar a produção local com a construção de mais parques eólicos, dentre outras iniciativas na área de renováveis. E como mais recente conquistas da Adece merece destaque a implantação da ZPE do Ceará. (ADJ)
Novos produtos estão sendo testados
Embora o Ceará já tenha se consagrado na agricultura irrigada, obtendo referência nacional, com o cultivo de frutas como acerola, banana, coco, melão, melancia, mamão, manga, ata e graviola, sua ambição não para por aí. Segundo o gerente de Mercado e Projetos da Agência de Desenvolvimento do Estado (Adece), Sérgio Baima, novos produtos estão sendo pesquisados para reforçar ainda mais a presença do Estado no cenário nacional e internacional.
Conforme disse, estão sendo avaliadas culturas alternativa para o Ceará, como de frutas de clima temperado. "Estamos participando do Projeto de Avaliação de Culturas de Clima Temperado e Tropical no Ceará, em parceria com a Embrapa, a Univale e o BNB, que implantou e está avaliando o desempenho agronômico de maçã, caqui, pera e cacau, para promover a diversificação de culturas nos polos irrigados no Estado", destaca. Ainda no rol de novos produtos em teste, informa, aparecem o mangostão, o rambutã, o morango, o figo e o romã.
Ainda de acordo com o gerente da Adece, o Ceará deverá investir ainda em citros - como laranja, tangerina, limão etc -, já que, atualmente, o que consome vem 100% de outros Estados. Ao mesmo tempo em que pensa na produção de olerícolas - egumes, raízes, bulbos, tubérculos, talos, folhas, flores, frutos e sementes.
(Fonte: Diário do Nordeste (CE)/ADJ)