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Infraestrutura atrai investimentos do grupo Espírito Santo

O grupo português Espírito Santo, o maior conglomerado financeiro de Portugal, quer dobrar o peso do Brasil em seus investimentos fora da área de finanças em cinco anos. Atualmente, o Brasil significa 20% da carteira de € 4 bilhões gerida pela Rio Forte Investments, o braço não financeiro do Espírito Santo, ou cerca de € 800 milhões. No mês passado, o conglomerado adquiriu 33% do capital da Georadar, empresa de prospecção do empresário mineiro Celso Magalhães e da AG Angra, do grupo Andrade Gutierrez.

O aporte , de R$ 100 milhões a ser integralizado até maio, será usado para a Georadar entrar na disputa por prospecção de petróleo offshore. A Georadar hoje é especializada em prospecção em terra e atuou na descoberta dos campos de gás da OGX no Maranhão, além de atuar para a Petrobras na Amazônia e para a Agência Nacional de Petróleo (ANP) na bacia do Paraná. Mas o passo mais ousado do Espírito Santo deverá ser anunciado dentro de sessenta dias: a aquisição de uma empreiteira, voltada para a infraestrutura.

"Vamos comprar uma empresa de construção civil especializada em estradas e ferrovias. Será uma empresa de médio porte, que não está entre as vinte maiores do Brasil", disse ao Valor o principal executivo da empresa, João Pena. De acordo com Pena, "a estratégia do grupo é ampliar a presença nas regiões que demonstrem maior potencial de crescimento".

Portugal representa 65% da carteira não financeira do Espírito Santo e a África os restantes 15%, mas as perspectivas de crescimento de Portugal para os próximos anos são modestas, em razão da grave situação fiscal do país e da Europa. Segundo o mais recente balanço divulgado pelo Banco Espírito Santo, a instituição financeira administrava ativos de € 104,7 bilhões no dia 30 de setembro deste ano, uma queda de 0,4% em relação ao mesmo dia no ano passado. Nos primeiros nove meses de 2010, o banco português teve um lucro líquido de € 405,4 milhões, alta de 12% em relação ao mesmo período de 2009.

Até o ano passado, os investimentos do conglomerado no Brasil estavam concentrados no setor de hotelaria

A compra da participação na Georadar é o segundo investimento de porte do Espírito Santo no Brasil na área de energia. No primeiro semestre, o grupo fez um aporte de R$ 120 milhões na Energias Renováveis do Brasil (ERB), em sociedade com o fundo FI-FGTS para geração de energia de biomassa. Até o ano passado, os investimentos do conglomerado no Brasil estavam concentrados na hotelaria, com a bandeira Tivoli, em empreendimentos imobiliários em São Paulo e na Bahia, e na produção de grãos e gado de corte em Tocantins. O conglomerado ainda detém algumas participações minoritárias. "Começamos a nossa internacionalização em 1904 e estamos no Brasil há sessenta anos", disse Pena.

A Georadar deve fechar 2010 com um faturamento de R$ 249 milhões, boa parte proporcionado pelo contrato com a OGX e com a Petrobras no Amazonas. Foi praticamente o dobro dos R$ 130 milhões obtidos em 2009, ano em que Magalhães vendeu 50% do capital da empresa para a AG Angra, já preparando o ingresso no offshore. O ingresso do ramo do grupo Andrade Gutierrez representou um aporte de R$ 60 milhões, e desde o início a intenção era buscar mais um sócio, que garantisse a escala ambiciosa que a empresa pretende para a sua receita: "Vamos chegar a R$ 390 milhões em 2011, fruto dos investimentos iniciados há dois anos e queremos atingir R$ 1 bilhão em cinco anos", comentou Magalhães.

Além da compra de uma empresa de serviços ambientais e oceanográficos, o que envolveu a aquisição de três navios, os recursos do ingresso da AG Angra na Georadar foram usados para pesquisa mineral de minério de ferro e ouro em Paracatu (MG) e de ouro de aluvião em Goiás.

A Georadar atualmente é uma empresa de prospecção em terra e de serviços de apoio offshore, como de monitoramento ambiental, robótica e de imagens do fundo do mar. A nova injeção de recursos pode levar a empresa a prospectar na África, em Angola, onde o grupo Espírito Santo já tem parcerias com a chinesa Sinopec e com a própria Petrobras. "Nossa intenção sempre será ser uma plataforma de serviços. Não nos interessa a exploração", disse Magalhães.

Fonte:Valor Econômico/César Felício | De Belo Horizonte


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