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Infraestrutura atrasada

Quem se dispuser a passar de automóvel ou à pé pela avenida da praia que liga São Vicente a Santos hoje, certamente, não verá um horizonte límpido e azul que esconde lá do outro lado a costa ocidental da África. Ali o que há muitos dias se vê é uma centena de navios ao largo aguardando ordem para atracar.

Quem quiser pode estacionar o automóvel com facilidade nestes dias de inverno para tirar uma fotografia que terá muitos encantos até porque os contêineres que se distinguem lá à frente em cima dos navios não ajudam a desfigurar uma paisagem ainda assim poética. Mas o que a máquina digital ou tradicional vai revelar é também o retrato da incompetência dos homens e partidos que têm governado o País nos últimos 30 anos, se bem que a inaptidão administrativa vem de tempos mais recuados.

Em outras palavras: não é à toa que o Brasil vem correndo de maneira célere para se tornar um país fornecedor de matérias-primas para as nações industrializadas, enquanto os produtos acabados nacionais perdem espaço no mercado externo por falta de competitividade. Se um navio é obrigado a esperar 20 dias ou mais para atracar e descarregar, o preço do produto vai lá em cima. E não é só descarregar porque há ainda a demora para desembaraçar a mercadoria e cumprir todas as formalidades alfandegárias.

No caso inverso, para embarcar, há o pagamento da estadia de carretas e caminhões carregados mais as diárias dos motoristas que ficam nas proximidades do cais à espera do navio que nunca atraca. Ora, tudo isso só se dá porque o governo brasileiro sempre investiu pouco na infraestrutura portuária. E acordou com pelo menos 20 anos de atraso para a necessidade da privatização dos portos e outras áreas da infraestrutura de transporte.

Além disso, apesar de toda a retórica oficial, continua investindo pouco e a ritmo lento. A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) argumenta que o Porto de Santos vem recebendo os investimentos necessários: a Avenida Portuária da margem direita já tem trechos abertos ao tráfego e o serviço de dragagem, iniciado em fevereiro, continua a ser executado.

Mas tudo isso ainda é pouco. O que existe, por enquanto, é uma carta de intenções que se chama Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)-2, que prevê R$ 300 milhões para a construção do mergulhão que deverá solucionar o conflito entre caminhões e trens na área do Valongo; mais R$ 300 milhões para a Avenida Perimetral na margem esquerda, no Guarujá, e para o reforço e instalação de novos berços de atracação, destinados principalmente à movimentação de granéis líquidos, e a construção de um novo terminal de passageiros.

Ao todo, de R$ 5,1 bilhões do PAC-2 para o setor portuário, menos de um terço (ou seja, R$ 1,5 bilhão) está direcionado para o Porto de Santos. Só que tudo isso ainda está em fase de preparação de projetos e obtenção de licenças ambientais, um processo sempre acidentado e moroso. Se tudo correr bem, o ano de 2011 será consumido em licitações para as obras previstas.

Portanto, por muito tempo ainda, quem passar pela avenida da orla, com certeza, terá a oportunidade de ver a paisagem idílica, límpida e azul da barra de Santos acrescida pela presença de muitos navios à espera da tão esperada ordem para atracação.

Fonte: Diário de Cuiabá



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