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Infraestrutura do Rio Grande do Norte precisa de R$ 4 bi

O Rio Grande do Norte tem potencial para crescer em diversos setores da economia, mas há a necessidade de suprir falhas de infraestrutura, que demandariam um investimento de aproximadamente R$ 4 bilhões, de acordo com estimativas da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Especialistas e empresários dizem que o estado tem bons projetos, porém as obras que poderiam mudar a realidade econômica esbarram na demora da execução e, em alguns casos, também na falta de planejamento.

Entre os projetos mais citados como vitais para o RN estão o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, as Zonas de Processamento de Exportação, o Terminal Pesqueiro de Natal, uma adequação do porto da capital, além da ampliação na rede de estradas e ferrovias.

divulgaçãoO Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, que deverá ser concluído e administrado pela iniciativa privada, é um dos principais projetos do Estado, mas se arrastaO Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, que deverá ser concluído e administrado pela iniciativa privada, é um dos principais projetos do Estado, mas se arrasta
A CNT verificou que a construção de grandes obras que poderiam provocar melhorias econômicas significativas, sem o devido planejamento do entorno, é uma realidade em todo o Brasil. A entidade afirma que as dificuldades têm surgido muito mais na execução dos projetos, terminando por limitar a capacidade de concretização das obras, e, em muitos casos, a demora é provocada pelo rigor da legislação ambiental ou em exigências quase intransponíveis dos órgãos de fiscalização e auditoria. “Não que devamos ser menos rigorosos com a questão ambiental ou com a transparência dos gastos, mas que os pareceres desses órgãos não representem a paralisação dos projetos”, pondera a confederação.           

Para solucionar os gargalos logísticos do estado, a CNT sugere intervenções em aeroportos, ferrovias, portos e rodovias, bem como em modais urbanos e infraestruturas complementares, que seria a construção de terminais.

Indústrias

Na avaliação do presidente em exercício da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Amaro Sales, o estado é carente de infraestrutura e o setor privado sempre fica a mercê das ações do governo, que leva até mais de uma década para desenvolver alguns projetos.  “As obras no aeroporto já estão sendo feitas há mais de 15 anos e até o momento só fizeram a pista. O porto tem sempre um agente dificultador e, se antes era a Pedra da Bicuda que impedia os grandes navios de atracar, hoje ele precisa ter o pátio ampliado”. E enquanto não há uma solução para esses casos, ressalta Sales, o Rio Grande do Norte vai amargando prejuízos. “Se fossemos calcular as perdas com essas demoras em valores, isso seria imensurável. Mas eu diria que o principal prejuízo é o atraso para o estado”, conclui.

Aeroporto: acessos precisam de projeto executivo

Uma das obras mais discutidas e esperadas no Rio Grande do Norte, o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante é um dos principais projetos do estado no campo da infraestrutura e chave para que Natal receba os jogos da Copa do Mundo de 2014. O empreendimento é orçado em cerca de R$ 1 bilhão e apenas os acessos  até ele custarão aos cofres do governo do estado um montante de R$ 76,4 milhões.

De acordo com a titular da Secretaria de Estado da Infraestrutura, Kátia Pinto, para que os acessos ao aeroporto sejam executados, será necessário um período entre 60 e 90 dias, durante o qual será desenvolvido o projeto executivo. “A obra foi licitada com o projeto básico, que não dá condições de executar. O projeto executivo deve ser feito antes da licitação, pois dá inclusive subsídios para conseguir o licenciamento ambiental e projetos da desapropriação, no caso”, detalha.

Para resolver questões como esta e reduzir consideravelmente os prazos de execução de obras públicas, a diretora da Sociedade Brasileira de Logística (SBL), Karla Motta sugere que haja um planejamento, com a definição de uma sequência operacional e a indicação dos responsáveis por cada etapa. “Além disso, deve haver um gestor específico para o empreendimento, alguém que se posicione como se fosse o dono do projeto, ficando responsável desde o início até o final da obra”, afirma.

ZPE

A operação do aeroporto de São Gonçalo também deverá viabilizar outro projeto que vem sendo discutido entre setores da economia potiguar há mais de uma década. De acordo com o secretário de estado do Desenvolvimento Econômico, Benito Gama, a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Macaíba está condicionada ao aeroporto, pois com a possibilidade de escoar os produtos através do equipamento, diversas indústrias de tecnologia deverão se interessar pela área. “Apesar de ser uma obra de infraestrutura, ZPE é, acima de tudo, logística”, avalia.

“Porto de Natal perde em competitividade”,  diz Codern

Os empresários potiguares cobram uma melhor estrutura portuária no Rio Grande do Norte há bastante tempo e a própria Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) admite a necessidade de realizar modificações no equipamento, para atender satisfatoriamente a demanda do estado.

De acordo com o diretor técnico-comercial da Codern, Hanna Safieh,o Rio Grande do Norte perde em competitividade, com a diferença de logística, em comparação com Pernambuco e Ceará. E, para reverter esse quadro, é preciso de um porto grande, com nível internacional. “Não temos como ser competitivos nos mercados internacionais, porque nós não temos um método de escoamento suficiente para isso. Se a gente não reagir, a nossa economia ficará dependente de outros estados”, resalta.

Safieh afirma que, “por ironia do destino”, o Rio Grande do Norte, que hoje possui um porto pequeno e espremido pela cidade, pode vir a ter um dos melhores portos do Brasil. “Porque nossas águas são especiais, totalmente abrigadas e tranquilas, ao ponto de quando o navio atraca, parece que está em um estacionamento de supermercado”, completa.

Na avaliação do diretor da Codern, não é possível desenvolver a economia de um estado sem um grande porto. Ele diz que se o Rio Grande do Norte não reagir, terá uma economia dependente e fraca, perdendo investimentos para outros estados do país. “Cinco anos atrás, falávamos para os empresários de Natal sobre a importância do porto e eles não davam bola. Mas hoje, isso se inverteu”, compara. 

Ferrovia

Safieh considera que muito se fala da ferrovia Transnordestina, mas ela foi desenvolvida de uma maneira negativa para a economia do nosso estado. Isso porque o trajeto passa pela Paraíba “e simplesmente contorna o Rio Grande do Norte. Ela liga o porto de Suape (PE) ao de Pecém (CE), como se o Rio Grande do Norte não existisse”.

Terminal espera acesso definitivo

O setor pesqueiro potiguar anseia pelo Terminal Pesqueiro de Natal há mais de uma década e poderá ver o equipamento finalizado no próximo mês de abril. Entretanto, a estrutura, orçada em aproximadamente R$ 35 milhões de verbas federais e estaduais, corre o risco de não funcionar em sua plenitude. Isso porque ainda não foi realizada a licitação para a obra de um viaduto de acesso, fazendo a ligação com a Pedra do Rosário, que permitirá o escoamento da produção.

O engenheiro da Secretaria de Estado da infraestrutura (SIN), Rafael Mendes, conta que desde o início das obras, em setembro de 2009, há interesse em construir a ligação entre o cais do terminal e a avenida do Contorno. Porém, o recurso disponível era suficiente apenas para a construção do terminal em si. “Para ver que o viaduto é necessário, basta passar uma vez no local e olhar mais atentamente. O que se tentou foi viabilizar a sua construção ao mesmo tempo em que o terminal era erguido”, afirma Mendes.

Mas, apesar de importante, o viaduto não é essencial e o terminal pode começar a operar sem o equipamento. É o que garante o coordenador da Assessoria Técnica da  Secretaria de Estado da Agricultura da Pecuária e da Pesca (Sape), Eribaldo Cabral. “Os caminhões já utilizam a entrada pela rua Chile, levando material para a obra e podem continuar fazendo isso com pescado. Agora, com o viaduto pronto, o escoamento dos produtos será bem mais eficiente”, avalia Cabral. O terminal está sendo erguido às margens do rio Potengi, entre a Pedra do Rosário e a Capitania dos Portos, bem próximo às linhas férreas da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Depois de pronto, deve gerar cerca de 9 mil empregos diretos e ter capacidade para estocar cerca de 50 mil quilos de pescado, além de receber até cinco embarcações de 30 metros de comprimento, simultaneamente.

PELOS TRILHOS

Apesar de ter a sua atuação voltada para passageiros, a administração da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) tem sido procurada por empresários e representantes de setores da economia potiguar, com o intuito de discutir a implantação do transporte de cargas por via férrea, saindo de Natal. “Em situações atípicas, não vamos nos furtar de prestar o apoio necessário e estamos estudando maneiras de transportar equipamentos para usinas eólicas”, afirma o superintendente da CBTU, Erly Bastos.

O superintendente da companhia diz que o valor investido para viabilizar o transporte de cargas ainda não foi calculado, uma vez que antes é preciso uma definição acerca dos equipamentos que serão necessários, já que a empresa não possui a maioria deles. “Não temos prancha para transportar pás dos aerogeradores e precisamos ver quantas seriam necessárias”, exemplifica.

Sobre o transporte de pescado a partir do Terminal Pesqueiro de Natal, Bastos afirma que isso poderá ocorrer apenas emergencialmente, enquanto o viaduto que ligará o terminal à Pedra do Rosário não seja erguido.


Fonte: Fonte: Tribuna doNrte (RN)/Natal/Sílvia Ribeiro Dantas


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