Depois de fechar com lucro recorde tanto o segundo trimestre quanto o primeiro semestre, a Kepler Weber já conta com a manutenção do forte nível de desempenho neste e no próximo ano, beneficiada pela expansão da safra agrícola e pela disponibilidade de crédito para os clientes. "Vamos surfar nesta boa onda", disse ao Valor o vice-presidente da fabricante de equipamentos para armazenagem de grãos e para movimentação de granéis, Olivier Colas.
Neste ano, impulsionada pelo crescimento das vendas, pelos ganhos de escala de produção, pelos investimentos em aumento de capacidade e produtividade, a Kepler apurou lucro líquido de R$ 25,1 milhões no segundo trimestre, quase três vezes os R$ 8,7 milhões registrados em igual intervalo de 2013. No acumulado do semestre, a alta foi de 182,3%, para R$ 48,8 milhões.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) avançou 114,8% no segundo trimestre, para R$ 44,7 milhões, e a margem bruta evoluiu 1,3 ponto percentual no mesmo período, para 24,9%. Conforme Colas, os preços dos equipamentos vendidos pela companhia acompanharam a inflação de custos, que somou 14% em 12 meses até junho.
A receita líquida subiu 76% no trimestre, para R$ 226,7 milhões, puxada pelo mercado interno, já que as exportações recuaram 25,5%, para, R$ 15,7 milhões, prejudicadas por mercados como a Ucrânia, que enfrenta falta de divisas devido ao conflito separatista, explicou o executivo. No segmento de armazenagem, o mais importante para a empresa, a receita no mercado interno cresceu 93,1%, para R$ 190,4 milhões.
Segundo Colas, o Programa para Construção de Ampliação de Armazéns (PCA), lançado pela presidente Dilma Rousseff no plano-safra 2013/14, com R$ 5 bilhões por ano em financiamentos aos produtores e cooperativas durante cinco anos, "veio para resolver os problemas do setor com ótimo retorno para a economia". Na primeira safra, 95% dos recursos foram tomados com juros de 3,5% ao ano. Para 2014/15 a taxa subiu para 4% ao ano, ainda abaixo da inflação.
Ao mesmo tempo, a demanda por equipamentos tende a continuar alta porque o déficit de armazenagem no país mantém-se na faixa de 45 milhões de toneladas, pois os investimentos no setor ainda conseguem absorver apenas o crescimento da safra, estimou Colas. Conforme a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), a produção de grãos em 2013/14 deve crescer 2,6% sobre o ciclo anterior, para 193,5 milhões de toneladas, puxada pela soja, com alta de 5,1%, para 85,7 milhões de toneladas.
Com fábricas em Panambi (RS) e Campo Grande (MS), a Kepler opera neste momento a um ritmo de 80% de utilização da capacidade. O percentual é o mesmo observado no primeiro trimestre, mas desde o início do ano as plantas já foram ampliadas em cerca de 25%, conforme o vice-presidente. Até o fim do ano a capacidade de processamento da empresa chegará a 140 mil toneladas de aço por ano, 40% a mais do que em 2013.
A expansão é resultado de um programa de investimentos de R$ 65 milhões neste ano em aumento de capacidade da fábrica de Panambi, além de projetos de automação e aumento de produtividade das linhas. Nos seis primeiros meses do ano, foram desembolsados R$ 27,7 milhões, ante R$ 11,7 milhões no mesmo intervalo de 2013. De 2011 a 2013, os aportes da companhia já haviam alcançado R$ 90 milhões.
Fonte:Valor Econômico\Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
PUBLICIDADE