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Kepler Weber cria silo voltado ao mercado africano

Há um ano, Oliver Colas visitou países da África e ficou chocado com a quantidade de grãos perdidos pelos agricultores familiares em países como Quênia, Uganda e Moçambique. Mais de 60% do total deixava de ser vendido apenas três meses depois, por apresentarem doenças fúngicas ou excesso de umidade. No retorno ao Brasil, o diretor vice-presidente da maior fabricante de sistemas de armazenagem no Brasil, a gaúcha Kepler Weber, decidiu que algo precisava ser feito e solicitou ao departamento de pesquisa e desenvolvimento da empresa que criasse um silo, que também fosse secador, com baixo custo para esse mercado.

No mês passado, o projeto ficou pronto e um protótipo criado na unidade de Panambi, no Rio Grande do Sul, foi apresentado em um seminário em Nairobi, capital do Quênia. O "Kikapu", como foi batizado o novo silo, é inovador porque tem um ventilador movido por uma célula fotovoltaica (painel solar) que seca os grãos durante a armazenagem. O modelo, desenvolvimento especialmente para a África subsaariana, é oferecido em dois tamanhos: 2,5 e 6 toneladas. Já o preço deverá variar entre US$ 4 mil e US$ 4,5 mil.


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"Na pior das hipóteses, nossas simulações mostraram que os produtores vão perder 10% da colheita. Aumentando o volume negociado e o preço dos grãos, que não terão mais a qualidade comprometida, o preço do silo será pago em um ano e meio", diz Colas. Ele sabe, porém, que os agricultores familiares desses países africanos podem até fazer esse cálculo, mas que dificilmente têm condições de adquirir o silo/secador. Por isso, a Kepler Weber está conversando com organizações não governamentais, indústrias multinacionais e tradings para negociar o Kikapu.

"Pensamos em dois modelos. Ou a empresa simplesmente instala o silo para o agricultor e compra sua produção, ou a ONG (ou trading) faz um empréstimo para que o produtor pague com grãos". Na África, há um movimento forte liderado por ONGs para que as famílias permaneçam no campo, uma vez que não há empregos nas cidades e os países em geral precisam ampliar suas produções locais de alimentos para atender às suas demandas domésticas.

Até agora, a Kepler Weber não fechou efetivamente nenhum negócio com seu novo silo. Mas, segundo Colas, a apresentação em Nairobi foi muito positiva. "Algumas ONGs ficaram realmente satisfeitas". Se o projeto for um sucesso, a intenção da empresa é passar a montar o silo, produzido no Brasil, em algum país africano. "A chapa externa e o telhado continuariam sendo feitos aqui em Panambi, mas a estrutura onde ele repousa e os sistemas de segurança poderiam ser terceirizados lá, e isso é muito bem recebido pelos mercados locais. Se acontecer, os custos cairiam e o preço final também", afirma. O silo é montado e operado pelo próprio produtor.

Mas Colas não vê na novidade algo que vá alterar os resultados da companhia, pelo menos no curto prazo. O objetivo é ampliar a presença da Kepler Weber em outros mercados. De janeiro a março deste ano, a companhia registrou lucro líquido de R$ 23,8 milhões, 176,7% maior que o do mesmo período de 2013. Já a receita líquida consolidada aumentou 45%, para R$ 173,3 milhões.

O executivo também não vê o Brasil como uma opção para a comercialização do Kikapu, porque os menores produtores do país são maiores que os africanos e há políticas de financiamento para máquinas e equipamentos que permitem aos agricultores familiares adquirirem produtos maiores e mais potentes. A Kepler Weber já exporta para países africanos, dentre eles África do Sul, Angola, Moçambique, Egito, Uganda, Tanzânia, Nigéria, Etiópia, Cabo Verde, Quênia, Tunísia e Gana.

Fonte: Valor Econômico/Fernanda Pressinott | De São Paulo






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