A Libra Terminais confirmou que a atracação do navio Cosco Shipping Volga neste domingo (28), em seu terminal no Porto de Santos, marcará o encerramento das operações de desembarque de cargas na unidade, após 24 anos. No local, a empresa só atuará com armazenagem alfandegada. Por determinação da Justiça, a Libra não pôde entregar a área à Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e não está autorizada a demitir os funcionários sem antes se reunir com o sindicato.
Para não declarar falência, a empresa entrou com pedido de recuperação judicial em julho de 2018. A ação implica o cumprimento do contrato de arrendamento – vigente até maio de 2020 –, ou até a autoridade portuária concordar com a devolução do terminal, que deve ocorrer quando surgirem interessadas em arrendar a instalação.
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O Ministério da Infraestrutura informou que a Empresa de Planejamento e Logística S.A (EPL) já deu início aos trâmites para a relicitação da referida área. No começo do mês, o Governo apontou que o terminal de movimentação de contêiner pode operar outras cargas, como celulose.
Futuro da área
De acordo com o consultor portuário e sócio da Agência Porto Ivam Jardim, ao analisar o Plano Mestre do Porto de Santos, nota-se que o Governo não vê a região como adequada para um novo terminal de contêineres.
“O layout da área não permite condições operacionais semelhantes às da Santos Brasil, da DP World e da Brasil Terminal Portuário (BTP). Estes terminais têm capacidade de absorver o volume de contêineres no curto e médio prazo”.
Jardim aponta que a celulose é a carga que necessita de novos terminais, pois, segundo ele, o Porto possui deficit de capacidade para operar essa mercadoria. “Uma terceira alternativa seria a expansão do Corredor de Exportação, ou seja, a movimentação de grãos e farelos, desde que realizados estudos sobre a relação Porto-Cidade e a alteração do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos”.
O presidente da Federação Nacional dos Operadores Portuários (Fenop), Sérgio Aquino, lamentou o fim da operação, dos postos de trabalho e de mais uma perda dentro do porto organizado. Sobre o futuro, ele entende que, com a desocupação da área, é possível reavaliar a ocupação da região, inclusive a questão do sistema viário e acessibilidade. “Vejo a Ponta da Praia e o Saboó como duas áreas estratégicas do Porto e é preciso repensar o planejamento do cais. A celulose e os contêineres devem ser analisados dentro dessas duas regiões”.
Dívida
Em janeiro, o Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá reconheceu a dívida da operadora com a Codesp. Segundo a estatal, a dívida ultrapassa R$ 2 bilhões. O valor será divulgado até setembro e o prazo para quitá-lo é cinco anos.
Manifestação
Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados Terrestres em Transportes Aquaviários e Operadores Portuários (Settaport), Francisco Nogueira, haverá uma assembleia na quarta-feira sobre a situação da Libra Terminais, seguida de manifestação em frente à empresa ao meio-dia. Ele reforça que uma liminar impede demissões sem antes uma negociação com o sindicato. Até agora não houve cortes.
Fonte: A Tribuna