O impacto dos “lockdowns” na China, por enquanto, tem sido observado principalmente na logística terrestre interna do país, no modal rodoviário. Porém, o transporte marítimo já começa a sentir efeitos, que poderão perdurar mesmo após o fim das restrições, segundo informou o Centronave (Centro Nacional de Navegação Transatlântica), entidade que reúne os principais grupos de navegação.
Diante desse novo recorde de infecções, as autoridades de Xangai – onde se localizam os mais importantes terminais de contêineres do mundo – adotaram uma série de medidas rigorosas para controlar o contágio, causando interrupções significativas nas atividades locais de fabricação e transporte, o que inevitavelmente adiciona uma pressão extra no sistema logístico terrestre interno do país.
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Segundo avaliações divulgadas recentemente, cerca de 200 milhões de pessoas e mais de 20 cidades chinesas estariam sob lockdown total ou parcial, com suas entradas e saídas rodoviárias bloqueadas total ou parcialmente. "Com isso, o transporte terrestre interno do país foi bastante afetado, e a cadeia interna de suprimentos está sob grande pressão", afirmou, em nota, o diretor-executivo da associação, Claudio Loureiro de Souza.
Outro fator que tem gerado gargalos é a “rigorosa testagem realizada na população e nos trabalhadores, incluindo os motoristas de caminhão”, o que contribui para o acúmulo de mercadorias nos armazéns e instalações portuárias.
“Esses são os principais fatores que estão resultando em um gargalo logístico interno e começando a gerar atrasos no transporte marítimo, devido ao acúmulo de bens e mercadorias parados.”
Para as empresas, ainda é cedo para prever quando a situação vai se normalizar. “Há diversos fatores a serem considerados, principalmente a duração desse surto da variante ômicron e das medidas governamentais que serão tomadas”, diz o Centronave.
A entidade também ressalta a preocupação com o acúmulo de contêineres e o congestionamento de mercadorias nos centros de armazenagem, o que poderá provocar impactos de mais longo prazo, mesmo após o fim das restrições.
A crise se dá em um momento no qual as cadeias globais de suprimento já estavam pressionadas. Desde 2020, a logística global tem sofrido com os efeitos da pandemia, que provocaram falta de contêineres e de capacidade nas embarcações, atrasos nas escalas dos navios, congestionamentos nos portos e aumento do preço nos fretes marítimos. Mesmo antes dos “lockdowns” chineses, já não havia expectativa de normalização dos fluxos neste ano.
Fonte: Valor