A adoção cada vez maior de soluções de internet das coisas (IoT) no setor de logística abre novas oportunidades de negócios para a indústria de software no país, especialmente para gerenciamento de estoque, transporte de mercadorias e análise dos dados de toda a cadeia suprimentos.
É um mercado em plena expansão, diz Waldir Bertolino, country manager da Infor, provedora de aplicações de negócios para a nuvem. As aplicações de IoT da empresa envolvem o uso de sensores em armazéns, conectados à plataforma de WMS (warehouse management), além de sensores de movimento, temperatura e umidade nos armazéns. Segundo Bertolino, os problemas mais comuns do setor logístico estão relacionados à frota de transporte de mercadorias. “É crescente o uso de IoT para saber a posição exata dos veículos e identificar se estão operando, parados ou fazendo rotas planejadas. Também é possível mapear níveis de fluído e combustível, além de colaborar com a pauta ambiental no controle da emissão de CO2 ”.
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Apesar da pandemia, o cenário é propício às utilização crescente de soluções de IoT, diz Renato Pasquini, diretor geral da Frost & Sullivan no Brasil. Pelos estudos da empresa, a soma das aplicações de rastreamento de ativos móveis e gestão de frotas alcançam 3,3 bilhões de dispositivos no mundo em 2020, ou 12,4% do total do mercado e deverão evoluir para 7,5 bilhões em 2024. O interesse é mais que óbvio, segundo ele. “As principais vantagens são facilitar inovação, gerar redução de custos e produzir mais receitas”, afirma.
Para Marcelo Berardino, diretor de energia e indústria da Minsait, unidade de negócios da Indra, empresa global de tecnologia e consultoria, com o avanço do trabalho remoto por meios digitais, empresas e clientes incluirão mais tecnologias de interação usando todos os tipos de dispositivos móveis. A empresa criou a solução “Onesait Platform”, plataforma “open source” para o desenvolvimento ágil e implantação de soluções integradas de software, dados, inteligência artificial e hardware. “Estudos mostram que a melhora de desempenho após o investimento em tecnologias digitais varia entre 30% e 40% no primeiro ano”, afirma.
As soluções de IoT alcançam também as pequenas operações de entrega de mercadorias. Desde janeiro está em desenvolvimento a Box Delivery, plataforma que reúne empresas, clientes e colaboradores possibilitando entregas no modelo de economia colaborativa. Com foco na humanização dos processos de entrega, segundo Paullo Norato, diretor da empresa, a Box Delivery é o elo entre marcas e mais de 30 mil entregadores cadastrados em todo o país.
Segundo especialistas, entre os desafios para o avanço da tecnologia na cadeia logística está o custo do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) sobre conexões móveis, cobrado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Há também dificuldade de incorporar a “cultura digital” e a necessidade de uma complexa e eficiente estrutura de telecomunicações em alguns setores, diz Berardino, diretor da Minsait.
Fonte: Valor