A Maersk elevou as previsões de crescimento das importações brasileiras em 2019 para 5%, ante expectativas anteriores variando entre 2% e 3%. O relatório trimestral da companhia destaca que o consumo brasileiro começa a dar sinais de recuperação, principalmente no setor de eletrônicos e eletrodomésticos. As importações brasileiras cresceram 11% de julho a setembro, em comparação ao mesmo período de 2018, com destaque para 16% de salto nas importações de produtos asiáticos. Segundo a publicação, essa é a primeira vez que o volume de importações brasileiras está em dois dígitos desde o terceiro trimestre de 2017, o que demonstra que os varejistas aumentaram os estoques antes das festas de fim de ano.
A empresa ressalta que o aumento nos volumes reflete o impacto da greve dos caminhoneiros do ano passado, o que diminuiu a base de comparação. Além disso, os volumes de importação ainda precisam se recuperar para atingir os níveis anteriores ao início do declínio da economia, no final de 2014. Existem sinais contraditórios nos segmentos de bens de vestuário e no de produtos manufaturados prontos, que caíram 5% e 8% respectivamente. A avaliação da Maersk é que a aprovação da reforma da Previdência e a tramitação da reforma tributária no Congresso contribuem para o aumento da confiança.
Exportações — De julho a setembro de 2019, as exportações caíram 1% no terceiro trimestre, apesar dos volumes de algodão aumentarem 76% durante o mesmo período, devido à crescente demanda chinesa. O país deve ampliar em 30% o volume anual de algodão para 1,8 milhão a dois milhões de toneladas. As maiores quedas nas exportações do terceiro trimestre foram da madeira para Europa (-21%), plásticos (-11%), além de um declínio geral percebido em proteínas e frutas.
Proteínas de aves, carne bovina e outras carnes caíram 7%, 3% e 3%, respectivamente no terceiro trimestre. A expectativa, porém, é que o volume de carne bovina deverá atinja o pico no quarto trimestre graças à crescente demanda chinesa. A Maersk considera provável, no entanto, que as aves apresentem um crescimento menor. Para a Europa, os exportadores de carne bovina estão enfrentando dificuldades, pois os consumidores estão optando cada vez mais por fornecedores locais ou fechados, como a Polônia. O mercado brasileiro espera que o Oriente Médio permaneça consistente e estável, mas os exportadores perderam terreno para os produtores locais por causa de cargas novas e incentivos governamentais, além da concorrência da Rússia e da Ucrânia. A companhia de navegação estima que as exportações em 2019 tenham incremento de 4%.
Para o próximo ano, as projeções da Maersk são de crescimento de 4% nas importações e de 4,5% nas exportações. A companhia de navegação considera 2020 um ano de reconstrução da economia, com melhores indicadores. A Maersk estima que o crescimento exponencial esperado pelo setor só deve acontecer no ano seguinte, considerando que as reformas administrativas e tributárias avancem. "Apesar do otimismo para 2020, vemos crescimento mais contundente da economia brasileira apenas em 2021", resume o diretor comercial da Maersk para a costa leste da América do Sul, Gustavo Paschoa.
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