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Mais cargas para o Rio

Expansão do porto do Rio demandará investimentos de R$ 1,2 bilhão. Terminal terá maior cais contínuo do país

O porto do Rio de Janeiro receberá investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão em expansão que o levará a ter o maior cais contínuo de contêineres do Brasil. O projeto  envolve os terminais de contêineres e de veículos, arrendados pela Libra Terminais, MultiRio e MultiCar. As empresas farão os investimentos conjuntamente. Os projetos foram aprovados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) em agosto.
Com a expansão, a capacidade dos terminais cariocas aumentará para dois milhões de TEUs anuais até 2020. O de veículos crescerá 34%. No ano passado, segundo dados da Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), os terminais de contêineres e de veículos movimentaram, respectivamente, 400 mil contêineres de 20 pés e 243 mil veículos. Atualmente são movimentadas nove milhões de toneladas por ano nos dois terminais. Com a expansão, a expectativa da CDRJ é de que as operações alcancem um total de 25 milhões de toneladas anuais até 2018.
MultiRio/MultiCar. O investimento na implementação do projeto integrado de expansão da MultiRio/MultiCar no porto do Rio de Janeiro é estimado em R$ 492 milhões, entre obras civis e equipamentos. Com a ampliação, o terminal de contêineres MultiRio terá sua capacidade aumentada para um milhão de TEU/ano. O cais passará de 533 metros para 800 metros de comprimento. Em uma área de 15,4 mil metros quadrados, serão construídos um novo armazém de carga geral, um de carga IMO e um para conferência aduaneira.
As obras contemplam também, entre outros, novas edificações de apoio, como o prédio de administração geral, oficinas, refeitório e um novo gate que terá 10 pistas, diferentemente do atual, que comporta apenas seis. Os investimentos incluem ainda a aquisição de novos equipamentos, como 30 RTGs e cinco portêineres para atender à nova capacidade do porto.
Com a movimentação atual de 243 mil veículos/ano, o terminal de veículos MultiCar vai ampliar a sua capacidade para 326 mil veículos anuais. Com 180 metros de comprimento, o cais será prolongado para 360 metros. A obra também contempla um edifício-garagem, que ocupará uma área de 92,02 mil metros quadrados, e terá capacidade para sete mil veículos.
O diretor-presidente da CDRJ, Jorge Luiz de Mello, detalha que o terminal da MultiRio crescerá para dentro do da MultiCar. Antes o edifício-garagem será construído e o cais da MultiCar será alinhado, o que ainda depende de licenciamento ambiental. “O EIA-Rima está pronto e a entrada no Inea [Instituto Estadual do Ambiente] já foi dada. Tenho a expectativa de que no ano que vem já comece a obra”, estima. Mello destaca que a análise ambiental deve ser rápida, já que o projeto propõe vantagens ambientais significativas. “Nos locais em que vamos fazer aterro, serão utilizados materiais provenientes da dragagem que está sendo feita no canal do Fundão. O impacto de emissão de CO2 será menor, teremos um ganho ambiental”, diz.
Libra Terminais. A companhia vai investir R$ 423,2 milhões em obras de expansão, somados a recursos de cerca de R$ 340 milhões em equipamentos, tecnologia e instalações. O projeto está dividido em três fases e a primeira será subdividida em duas etapas.
Orçada em R$ 40,8 milhões, a fase I-A envolverá a ampliação em 120 metros do cais, totalizando 665 metros de extensão total. Este aumento possibilitará a atracação simultânea de dois navios post panamax de quarta geração. Segundo a CDRJ, esta ampliação é importante, pois caso não fosse feita poderia aumentar o tempo médio de permanência dos navios no porto em até 60% a partir de 2013. Esta etapa deve ser concluída no segundo semestre de 2012. Já a Fase I-B consiste num aterro de 39,86 mil metros quadrados, que deve estar concluído no final de 2015. A área  crescerá de 136 mil metros quadrados para 185 mil metros quadrados. O custo estimado desta obra é de R$ 82 milhões e, ao final desta etapa, a capacidade máxima de movimentação do terminal passará de 214 mil para 428 mil contêineres por ano.
Na segunda fase do projeto, serão construídos mais 135 metros lineares de cais, totalizando 800 metros. Com esta dimensão, a Libra Terminais poderá operar simultaneamente dois navios super post panamax de quinta geração. Nesta etapa, cujo custo de execução é estimado em R$ 44,4 milhões, a capacidade máxima de movimentação passará a ser de 470 mil contêineres por ano.
Na terceira fase, a retroárea do terminal será expandida em 54 mil metros quadrados, a um custo estimado de R$ 256 milhões, que vai garantir à companhia uma capacidade de armazenagem/movimentação de um milhão de TEUs por ano. Junto às obras de expansão, a empresa aplicará recursos de cerca de R$ 340 milhões na modernização e ampliação do parque de equipamentos operacionais, armazéns e sistemas informatizados, além da construção de prédios de apoio. Dentre os investimentos previstos estão a aquisição de novos portêineres e transtêineres, que permitirão ao terminal operar navios a uma produtividade média superior a 60 movimentos/hora.
Mello destaca que o processo de dragagem no porto do Rio, que está sendo executada pela Secretaria de Portos (SEP), teve grande contribuição para a expansão dos terminais. Segundo o executivo, com a iniciativa a profundidade nos terminais de contêineres aumentou de 13 metros para 15 metros, permitindo a atracação de navios com capacidade de até oito mil contêineres. Antes da dragagem, era possível receber apenas navios de até cinco mil contêineres. Em fase de conclusão, a primeira fase da dragagem contou com investimentos de R$ 138 milhões. “Esse investimento mudou as avenidas marítimas de acesso sob o ponto de vista geométrico, e quanto ao comprimento, largura e profundidade. Essa melhoria é contínua”, destaca.
O presidente da CDRJ lembra que uma nova rodada de dragagem está inserida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2). Num primeiro momento, a profundidade do canal principal de acesso à área do Caju será aumentada para 17 metros. Para Mello, a aplicação dos recursos em dragagem aumenta a qualidade de produtividade na movimentação, principalmente de contêineres. “Vamos poder receber navios de uma nova geração. O  investimento do estado viabilizou que a iniciativa privada investisse R$ 1,2 bilhão. Isso vai se refletir em aumento de capacidade e produtividade”, afirma.
De acordo com o diretor da MultiRio e da MultiCar, Luiz Henrique Carneiro, a expansão dos terminais visa aprontar o porto para movimentar dois milhões de TEUs por ano, ante os 500 mil TEUs atuais. “Estamos preparando um porto que vai poder quadruplicar sua movimentação. Esse número demonstra o momento histórico que estamos vivendo hoje”, diz. O diretor da Libra Terminais, Ricardo Arten, ressalta a importância da expansão em razão da possibilidade de maior escoamento da produção. “Não adianta fazer dragagem e aprofundar um canal, se não temos terminais de contêineres que consigam escoar toda a demanda que está para chegar nos próximos anos no porto do Rio. Conseguir operar toda essa carga, da forma que os terminais se encontram hoje, seria impossível. Os terminais precisam ser melhor equipados, ter mais espaço e mais cais para poder acomodar essas cargas”, salienta.
Itaguaí. O edital de licitação para arrendamento do terminal de granéis sólidos no porto de Itaguaí pode sair neste mês de setembro. A expectativa é do diretor-presidente da CDRJ, Jorge Luiz de Mello. “Não existe prazo definido, os órgãos de controle não dão prazo, então é complicado falar em termos de expectativa. Mas acreditamos, pela nossa experiência, que a aprovação do TCU deve levar de duas a três semanas para ficar pronta. Espero que o edital saia no próximo mês, eu torço para que saia”, disse, ao participar da coletiva de imprensa sobre os projetos de expansão do porto do Rio de Janeiro no último dia 19 de agosto. Após a aprovação pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários no último mês de agosto, o projeto precisa ser submetido ao Tribunal de Contas da União.
O terminal terá capacidade de movimentar 25 milhões de toneladas de minério por ano, com potencial para atingir até 44 milhões. Mello afirmou também que existem sondagens de diversas empresas interessadas em arrendar o terminal. “Já fomos demandados por, pelo menos, quatro ou cinco grupos. No entanto, só vamos saber efetivamente se eles participarão ou não na hora da licitação”. Em sua avaliação, o processo licitatório será bastante disputado.
Com 245,4 mil metros quadrados, a área a ser licitada no porto de Itaguaí será um terminal público destinado à movimentação de granéis sólidos e é conhecida como “área do meio” por estar situada entre os terminais da Vale e da CSN. Ambas as empresas, inclusive, não poderão participar da licitação. Segundo Mello, o impedimento está relacionado à concentração e ligado a direito econômico.
“Concentração é a grande reclamação dos pequenos mineradores e o minério está com valor bastante interessante no mercado. Isso fomenta interesses. A mina sozinha vale pouco, porque você precisa ter um ativo que faça com que esse minério chegue no porto e é preciso ter facilidade de escoamento do porto”, explica.
Os interessados terão 60 dias para apresentar a proposta. A conclusão de todo o processo — até a declaração do vencedor — deve levar entre quatro e seis meses. Quem vencer a licitação para arrendamento da área por 25 anos, renovável por mais 25, terá de investir cerca de R$ 1,5 bilhão, segundo estimativas da CDRJ, já que o conceito do projeto é “greenfield”, ou seja, o arrendatário será responsável pela superestrutura e pela infraestrutura. Mello estima que a instalação seja concluída entre três e quatro anos. “É uma instalação offshore, tem um viaduto longo, mais de mil metros de comprimento, não é uma obra simples”, finaliza.
Petrobras. A CDRJ estuda, junto com a Petrobras, a viabilização de um terminal offshore no porto do Rio. A companhia já realiza o abastecimento das plataformas em uma área não arrendada no local. O objetivo, segundo Mello, é fazer uma operação estruturada,  já que fora de terminal arrendado há uma série de restrições. “Na área pública, que é de caráter provisório e temporário, não se pode edificar e nem ter equipamentos fixos, eles têm que ser móveis, o que torna a operação um pouco mais cara do que poderia ser. A ideia de constituir um terminal é para dar escala e competitividade”, explica. Ele ressalta também que, além deste, a Petrobras precisará de, no mínimo, três terminais para o pré-sal.
A conversa com a Petrobras, acrescenta Mello, teve início há cerca de um ano e ainda não há um prazo de conclusão. “O projeto está na prancheta, é um estudo complexo. O porto do Rio tem um problema sério de retroárea, porque a cidade engoliu o porto. Então a solução de engenharia é muito complexa, e por isso não podemos nos comprometer com prazos. Estamos fazendo na maior brevidade possível e desenhando a quatro mãos, junto com a Petrobras”, conclui.


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