A Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa marcou a audiência pública para discutir o projeto de dragagem dos portos de Vitória e Tubarão. Alheia às demandas da sociedade, entre os temas que serão debatidos na ocasião, a Casa está cobrando apenas maior fiscalização do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e mais debate sobre o pó preto produzido pela Vale e a Arcelor Mittal.
Como tema para a audiência, que será realizada no próximo dia 9 de maio, a partir das 19 horas, a Ales apenas publicou que será abordada a problemática criada com a emissão de particulados pela Vale.
Neste contexto, fica de fora uma das maiores demandas da sociedade. Em Vila Velha, a preocupação maior é sobre o despejo de 7 milhões de m³ de sedimentos dragados do fundo do mar na região do porto de Tubarão, a seis quilômetros do litoral de Vila Velha pela Vale.
Com o anúncio de despejo de sedimentos de dragagem no litoral de Vila Velha, a Associação de Moradores da Praia da Costa junto a Câmara de Vereadores do Município vem se mobilizando para apresentar alternativas para o despejo. Das três alternativas apresentadas à Vale até o momento, todas foram rejeitadas.
Os representantes da empresa se valeram do argumento de que a lama que será retirada do fundo do mar no Porto de Tubarão não é tóxica, mas não convenceram pescadores e moradores da região, que se recusam a aceitar que a empresa realize tal procedimento, considerando os impactos gerados.
Segundo eles, há 12 anos materiais de dragagens foram despejados na região, gerando não apenas a turbidez da água, mas também o desaparecimento de espécies. O problema não afetou apenas o município, chegando também aos pescadores de São Pedro, em Vitória, que também questionam a nova dragagem da empresa.
A informação dos ambientalistas é que os dejetos retirados do fundo do mar são formados por lama, argila, metais pesados, pedras e pó de minério, que serão despejados diretamente no litoral de Vila Velha, diminuindo em 70 centímetros a profundidade do local. Esta ação, segundo o Instituto Orca, diminui o oxigênio disponível, o que pode provocar a morte por sufocamento de espécies bentônicas que dependem destas áreas para viver.
Além da sociedade, também alertaram a Vale sobre o seu procedimento ambientalistas e oceonógrafos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), durante audiência pública na Câmara de Vereadores de Vila Velha.
Na região de Vila Velha, chamada de bota-fora, também pretendem despejar material de dragagem a Codesa e a Nisibria. Juntas, as empresas pretendem despejar na região 15 milhões de m³ de dejetos.
Além da Vale, também pretendem depositar material de dragagem no litoral de Vila Velha a Codesa e a Nisibria. Ao todo, serão despejados na região 15 milhões de m³ de dejetos.
O volume, segundo a Associação dos Moradores da Praia da Costa (AMPC), confronta a previsão da dragagem de 6,3 m³ no Estado e representa sérios danos ao meio ambiente.
Enquanto isso, segundo informação da Assembléia Legislativa, os deputados estão programando uma visita à Vale para conhecer quais medidas a empresa está adotando para minimizar a emissão do pó preto.
Fonte: Século Diário/Flavia Bernardes
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