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MP investiga venda de silo da Cesa

O Ministério Público do Estado investiga a negociação de transferência de unidade da Cesa para o Porto de Rio Grande. O processo foi impetrado pelo Sindicato dos Auxiliares de Administração de Armazéns Gerais do Rio Grande do Sul (Sagers), que questiona a legitimidade da operação. O argumento é que o silo localizado no município, a segunda maior filial da Companhia, é uma sociedade anônima cujo maior acionista é o Estado. O porto, por sua vez, é uma empresa de economia mista (Estado e União), o que faz com que a negociação ocorra entre duas esferas estatais. A averiguação, que está nas mãos da promotoria de justiça de defesa do patrimônio público, encontra-se em fase de apreciação premiliminar. A operação levantou dúvidas também na Assembleia Legislativa, levando o deputado Elvino Bohn Gass a encaminhar pedido de informações à direção da Cesa.

Um ato de governo determinando que as imediatas providências para a transferência sejam realizadas pelo porto foi assinado ontem pelo chefe da Casa Civil, Bercílio Silva, e o superintendente do porto, Jayme Ramis. "O porto aguarda o laudo de uma empresa especializada para definir o valor da indenização, que deve ficar entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões", adiantou Silva. Conforme o presidente da Cesa, Juvir Matuella, o pagamento refere-se apenas às instalações, uma vez que a área, pertencente à União, tem administração portuária. No entanto, para o diretor técnico da Cesa, Luis Carlos Oliveira, a cifra atingiria mais de R$ 50 milhões pelos 12 mil metros quadrados caso o prédio fosse licitado.

O Sagers questiona a realização da transferência no período final do governo de Yeda Crusius. "Seria uma forma de tirar a Cesa do mercado e dar a concessão a uma empresa privada?", indaga o presidente do sindicato, Lourival Pereira. O secretário da Agricultura e presidente do Conselho da Cesa, Gilmar Tietböhl, garante que a transação vem sendo examinada há, pelo menos, um ano.

O terminal da Cesa tem capacidade para armazenar 1,1 milhão de sacos de arroz. Segundo Ramis, ganhará um "upgrade", e, de acordo com Silva, pode ter sua disponibilidade utilizada com outros grãos. A decisão vem contra os interesses do setor arrozeiro, que exporta 50 mil t do cereal guardado no local por mês. "Termos um espaço que recebe arroz em qualquer época do ano é fundamental. Mesmo contando com armazéns privados, as tarifas são mais altas e a agilidade menor, já que o cereal passa a concorrer com grãos de maior tradição nas exportações", diz o presidente da Federarroz, Renato Rocha. Mas o risco de a armazenagem ser prejudicada não existe, segundo Tietböhl. "Hoje, essa estrutura tem ociosidade de 80%, o que demonstra que outras culturas podem ser armazenadas", revela.

Fonte: Correio do Povo/Só Notícias


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