Aguardados há mais de cinco anos para assegurar a viabilidade econômica do Porto do Mucuripe, até hoje operando com navios de pequeno calado, os grandes navios conteineiros e petroleiros de até 70 mil toneladas só deverão começar a acostar ao cais em meados de junho de 2012. A estimativa é do presidente da Companhia Docas do Ceará (CDC), Paulo André Holanda, ao anunciar para 30 de setembro próximo a conclusão da dragagem completa do terminal portuário, que passará dos 10,5 metros para 14 metros de profundidade.
Prevista para ser concluída em janeiro último e com 95% do aprofundamento do canal de entrada e da bacia de evolução prontos, a operação será retomada na próxima semana, com a draga Virgínia. Em fase de testes, em Fortaleza, após chegar do Porto de Cabedelo na Paraíba, o equipamento fará uma raspagem "pente-fino" no fundo dos berços de atracação do cais comercial e do pier petroleiro.
Primeiro as boias
Antes de ser liberado para atracação de grandes embarcações, explicou Holanda, as alterações no terminal ainda precisarão ser homologadas pela Marinha do Brasil, após o que estará liberado para receber as boias de sinalização. De acordo com ele, esses equipamentos já foram licitados e serão instalados pela empresa CJS Engenharia.
"Até o fim do ano, começaremos a operar com os navios da Lubnor (subsidiária da Petrobras), que transportam petróleo e gás, e os demais (companhias de navegação privadas), deverão levar mais uns seis meses", estimou André Holanda. Já em relação ao novo terminal de passageiros, que será construído na Praia Mansa, ele garantiu que a licitação será realizada em 1º de outubro próximo, ao preço estimado de R$ 149 milhões.
Profundidade e logística
O aprofundamento do Porto do Mucuripe será essencial para garantir a competitividade do terminal, frente aos demais portos nordestinos e brasileiros. A observação é do engenheiro, diretor de Sistemas de Informações Portuárias da SEP, Luis Cláudio de Santana Montenegro.
Palestrante do seminário Tailor Made Seminar for SEP/PR e Portos do Ceará, encerrado na tarde de ontem, no CVT Portuário, Montenegro disse que a dragagem é o primeiro passo para viabilizar o desenvolvimento do Porto de Fortaleza. Ele ressaltou na oportunidade, a necessidade da União e do Governo do Estado dotarem o terminal de melhores infraestrutura e logística (vias de acesso, ferrovias, rodovias, novos armazéns e processos operacionais mais ágeis), como condição para atrair os grandes transportadores e armadores.
Ele alertou ainda, para o risco do Porto de Fortaleza entrar em competição com o do Pecém, o que na sua avaliação será um erro. Conforme disse, ambos disputam áreas de influência e movimentação de cargas semelhantes, mas, ainda assim, devem operar integrados. "Se não atuarem de forma complementar, poderão prejudicar um ao outro", frisou Montenegro.
Capacitação
Outro aspecto que deve ser cuidado pelos portos brasileiros é a capacitação de mão de obra especializada para operar os terminais. Alerta semelhante foi feita pelo deputado Federal Ariosto Holanda, que destacou a oportunidade do CVT Portuário à capacitação da população do entorno do Mucuripe e consequente operação no terminal. Ao fim do evento, o ministro dos Portos, Leônidas Cristino, e outras seis personalidades cearenses foram agraciados com a Medalha Mérito Portuário.
Fonte: Diário do Nordeste
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