A companhia de navegação Norsul deve retomar este mês as obras de terraplenagem do centro de distribuição projetado para atender a unidade da Vega do Sul, em São Francisco do Sul, no norte de Santa Catarina. As obras estavam paralisadas desde 2008, quando o Ministério Público venceu ação que determinava a suspensão da licença ambiental prévia concedida pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fatma). O projeto, que agora tramita no Ibama, depende ainda de uma licença ambiental para um terminal marítimo privado que servirá ao transporte de aço da antiga usina da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), atualmente ArcelorMittal Tubarão, em Serra (ES) até São Francisco do Sul, para suprir as operações da Vega.
O terminal Mar Azul é um investimento estimado em R$ 120 milhões, de acordo com o diretor Herbert Markenson. O centro de distribuição, que já tem licença concedida pelo Ibama, irá armazenar as bobinas de aço laminadas a quente produzidas na unidade da ArcelorMittal Tubarão, na região metropolitana de Vitória, que serão distribuídas na região Sul depois de reprocessadas. A intenção é também armazenar e embarcar as bobinas de aço laminadas a frio e galvanizadas, produzidas na Arcelor Mittal Vega do Sul, em São Francisco, para os mercados do Sudeste e Nordeste.
O terminal marítimo prevê uma ponte de acesso de 1,14 mil metros de extensão e dois píeres de atracação. O primeiro píer, mais próximo da costa, irá operar exclusivamente com as barcaças construídas para o transporte das bobinas de aço. O segundo será reservado para receber navios. O diretor diz que não será necessário dragar o canal de acesso, já que o calado natural é de cerca de sete metros.
Segundo Markenson, quando estiver em operação, o fluxo de carga entre um terminal e outro deve chegar a 1,1 milhão toneladas ao ano. A área de 63,7 mil metros quadrados fica às margens da rodovia BR-280, numa região conhecida como Rocio Grande.
O projeto causa divergências entre as entidades ambientalistas locais. A preocupação é que o projeto cause danos permanentes ao ambiente e impacto no ecossistema da Baía da Babitonga.
A Norsul - empresa sediada no Rio de Janeiro e que tem contrato de 18 anos para o transporte das bobinas de aço da ArcelorMittal no trajeto desde 2005, por meio de comboios de barcaças - tem pressa no andamento do projeto por causa dos congestionamentos no porto público de São Francisco.
O terminal tem quebrado recordes na movimentação de aço impulsionado pelo programa estadual Pró-Emprego, que prevê redução da alíquota de ICMS nas operações de importação. Em setembro, o porto teve aumento de 132% na movimentação geral de cargas em relação ao mesmo mês de 2009, atingindo 929.431 toneladas. O mês foi atípico e chegou a ter filas de mais de 30 embarcações aguardando para descarregar. A Norsul chegou a redirecionar algumas das barcaças com bobinas para o porto de Itajaí, a cerca de 100 km de São Francisco, para não perder os prazos de abastecimento da unidade.
Em Serra, ao lado de Vitória, a ArcelorMittal já opera com o Terminal Portuário Siderúrgico. Segundo Markenson, o início da operação do terminal Mar Azul seria necessário para garantir 100% de performance das barcaças construídas para o transporte das bobinas. As embarcações entraram em operação em 2007.
"Há uma quebra no ciclo. O porto público não tem como disponibilizar 100% de um berço para uma única empresa", diz o diretor. Segundo Markenson, as dificuldades de operação no porto de São Francisco já chegaram a causar problemas no suprimento de matéria-prima na Vega do Sul. A capacidade de produção dessa unidade foi ampliada neste ano com a instalação de uma nova linha de galvanização de 350 mil toneladas.
Conforme o diretor, pelo projeto inicial, o terminal já deveria estar operando. "A Vega aumentou a sua produção e já deveríamos estar concluindo as obras". Segundo ele, embora o projeto seja hoje exclusivamente da Norsul, a siderúrgica poderá se tornar sócia quando o terminal estiver em funcionamento. "A ArcelorMittal fatalmente será nossa sócia quando o terminal começar a operar", afirmou.
Fonte: Valor Econômico/Júlia Pitthan | De Florianópolis
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