Novo terminal deverá receber investimento de R$ 1,2 bilhão
O Litoral Norte do Espírito Santo terá um terminal portuário para transportar as cargas produzidas nos municípios capixabas, no Brasil Central e principalmente as de Minas Gerais. O consórcio que construirá o porto já está articulado e a proposta, que ainda está em fase inicial de discussão, poderá ser implementada nos próximos cinco anos.
Gargalos
A construção do Porto Norte (nome provisório) poderá viabilizar a construção de um ramal ferroviário ligando o Espírito Santo ao sistema ferroviário do Centro-Leste e, futuramente, à Ferrovia Transcontinental, que interligará a malha ferroviária do país ao Oceano Pacífico, por meio do Porto de Bayovar, no Peru.
O Porto do Norte deverá ter uma área de cerca de 20 mil hectares e investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão (infraestrutura básica e terrestre) e terminais para a movimentação de contêiner, carga geral, granéis. Seria um "hub port" (porto concentrador de cargas e de linhas de navegação).
O presidente do Corredor Atlântico do Mercosul (CAM), Paulo Augusto Vivácqua, um dos idealizadores do empreendimento, disse que o porto é viável somente com o volume de cargas já levantadas. Com a construção do terminal e da ferrovia, o volume de cargas crescerá muito, aposta.
"Vamos realizar esse projeto e sabemos o que estamos fazendo", destaca o presidente do CAM. Embora já tenha a localização do porto, Vivácqua prefere não oficializar o nome do município. A alegação é a de evitar especulação imobiliária, uma vez que os investidores ainda não adquiriram a área.
Cargas
De acordo com levantamento feito por integrantes do CAM, as principais cargas exportadas por Minas Gerais são os minérios, metalurgia, agroalimentos, transportes, produtos químicos, máquinas, eletroeletrônicos e têxteis. As principais cargas embarcadas nos portos do Espírito Santo são celulose, minérios, produtos siderúrgicos, granéis e combustíveis.
Com 20 milhões de habitantes, PIB de R$ 210 bilhões e 853 municípios, o Estado de Minas Gerais, segundo Vivácqua, pode ser considerado um país dentro do Brasil. Ele destaca que com, a construção de um porto e um novo ramal ferroviário, cresce muito o potencial logístico do Estado e cargas de outras regiões passarão a ser movimentadas nesse novo porto.
As cargas já identificadas do Norte do Espírito Santo são os produtos agrícolas e minerais, além dos que virão a partir da implantação do polo gás-químico. Da Bahia, os produtos florestais (madeira e celulose). Do Brasil central, a carga mais importante seriam os grãos que hoje são embarcados nos Portos de Paranaguá e Tubarão.
"Estado vive isolamento no país"
O presidente do Corredor do Atlântico do Mercosul (CAM), Paulo Augusto Vivácqua, chamou a atenção pela situação na qual se encontra hoje o Espírito Santo, de isolamento dos eixos de integração ferroviária do país. Com o novo desenho da interligação com a Ferrovia Transcontinental do Peru, o trecho ferroviário que faria a ligação do Estado com os importantes corredores foi desviado para o Rio de Janeiro.
Não bastasse o risco de isolamento, há ainda o fato de importantes cargas, como café e rochas ornamentais, tradicionalmente movimentadas pelos portos capixabas, estarem sendo embarcadas em portos do Rio de Janeiro. Os grandes eixos que estão no PAC não contemplam o Espírito Santo, e a carga do Centro-Oeste será escoada pelo Rio de Janeiro ou pela Bahia, alerta a vice-presidente do CAM, Sandra Stehling.
O Estado vem perdendo para portos do Rio de Janeiro cargas tradicionalmente movimentadas nos portos capixabas, como café e rochas ornamentais.
Quando foram projetados os grandes eixos de integração ferroviária do país, na década de 80, o papel desenhado para Vitória foi o de "uma espécie de capital portuária, logística, comercial da vasta região servida por este extraordinário eixo de integração continental", destaca.
Ele lembra que foram planejadas variantes de ligação ferroviária de Vitória para o Sul e também para o Norte. Só que os projetos não saíram do papel e também sumiram do mapa estratégico do Espírito Santo, reclama.
Crítica
"O projeto deste importante eixo parece ter abandonado o Espírito Santo e hoje surge nos planos do governo de forma bizarra."
Paulo Vivácqua - Presidente do Corredor Atlântico do Mercosul
Fonte: A Gazeta (ES)/Rita Bridi
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