Um dos primeiros segmentos industriais a reverter a trajetória de queda de exportações e voltar a ampliar os embarques internacionais é o de higiene pessoal e cosméticos. As exportações do setor somaram US$ 877 milhões em 2012, recuaram para US$ 783 milhões em 2013, mas recuperaram-se um pouco em 2014, quando fecharam em US$ 799 milhões. A expectativa de João Carlos Basilio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) é de um crescimento entre 8% e 10% em 2015.
Embora reconheça que ainda é cedo para fazer projeções para o ano, principalmente depois de um primeiro quadrimestre com queda de 5%, Basilio acredita que as vendas ao exterior entraram numa rota de crescimento, levando-se em consideração que o dólar se mantenha numa cotação próxima dos R$ 3,00.
Basilio diz que por volta de 70% das vendas externas são realizadas intercompany e que as unidades no país das multinacionais perderam competitividade nos últimos anos por conta do real valorizado. O novo patamar do câmbio, diz coloca as filiais brasileiras em boas condições de competir.
Segundo o executivo, o Brasil tem escala, uma vez que é o terceiro maior mercado consumidor do mundo. "A indústria brasileira também se destaca no cenário internacional como inovadora", diz.
As exportações são incentivadas por meio de uma parceria entre a Abihpec e a Apex Brasil, no programa Beautycare Brazil. No ano passado 58 empresas associadas ao programa exportaram US$ 183,2 milhões, total 16% superior ao de 2013. Basilio diz que a nova realidade cambial já atraiu 20 novas empresas que se candidataram ao programa em 2015, o que deve gerar novo impulso exportador em 2016.
Erasmo Toledo, vice-presidente de operações internacionais da Natura, diz que as exportações da companhia cresceram na casa de 30% ao ano entre 2010 e 2014 e 40% no primeiro trimestre de 2015. Em 2014, as operações internacionais do grupo, o que incluem exportações e a produção em unidades na América Latina, França e Austrália, geraram 19,2% da receita consolidada de R$ 7,4 bilhões. Em 2013, a participação internacional era de 16,1%.
Toledo diz que o bom desempenho internacional reflete um trabalho iniciado em 2010 de ganhos sucessivos de eficiência nos processos, desenvolvimento de novos produtos e estratégias comerciais, busca de ganhos logísticos e de excelência na produção, privilegiando o desenvolvimento de cadeias de fornecimento locais, quando geram redução de custos.
Ricardo Portolan, gerente de exportações da Marcopolo, diz que no início dos anos 2000 a companhia exportava entre 5 mil e 6 mil carrocerias de ônibus por ano. Em 2014, exportou 2 mil. Em parte, as exportações foram substituídas pela abertura de unidades no exterior. Hoje a Marcopolo possui 13 fábricas no exterior, que produziram 2.376 unidades em 2014. "As fábricas no exterior suprem os mercados locais, mas não compensam a perda de competitividade das fábricas brasileiras", diz. Em 2015, porém, a Marcopolo está invertendo o quadro e no primeiro trimestre vendeu no exterior 349 unidades, 22% a mais do que nos primeiros três meses de 2014.
Fonte: Valor Econômico
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