Começaram na manhã de ontem (19) as obras de dragagem para aumentar a profundidade e elevar a capacidade de movimentação de cargas do Porto do Recife. O projeto vai atender todo o canal de acesso, bacia de manobras e extensão dos berços de atracação (do cais 00 ao cais 09), o equivalente a mais de dois quilômetros de extensão. O início das operações foi acompanhado de perto pelo governador Eduardo Campos, secretário de desenvolvimento econômico, Geraldo Júlio, e o diretor-presidente do porto, Pedro Mendes.
O serviço está orçado em R$ 21,5 milhões e a finalidade das obras é retirar do cais resíduos como areia, argila e outros materiais duros, aumentando a área conhecida como calado - distância entre o navio e o assoalho marinho - em até três metros. Com a dragagem, o calado passará dos atuais 9,5 metros para uma profundidade média de 12,8 metros (11,5 metros na maré zero). Segundo a administração do porto e a empresa contratada para as obras, a holandesa Van Oord, vencedora da licitação pública, a previsão é de retirar 711 mil m³ de materiais de uma área total de 1,2 km².
Durante a abertura dos trabalhos, o governador Eduardo Campos, que não fez novos comentários sobre a retirada da Samsung Heavy Industries (SHI) do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), na última semana, destacou a importância do serviço como estratégica para o crescimento e dinamismo do Porto do Recife. “Os projetos de resgate do porto vão continuar por que precisamos atrair novos mercados para Pernambuco, complementando as atividades de Suape. Essa dragagem é essencial para o crescimento da economia do estado”, afirmou.
Este novo projeto de desassoreamento prevê, segundo o diretor-presidente do porto, Pedro Mendes, um salto de 2 milhões de toneladas para 3 milhões de toneladas de cargas movimentadas, em 2012. “Isso equivale a um aumento de 50% e a meta é atrair ainda mais navios comerciais de maior porte, elevando a movimentação de cargas, uma vez que a profundidade atual não permitia que embarcações de maior porte atracassem no porto”, pontuou.
Em 2009, o Porto do Recife realizou um projeto de desassoreamento no qual foi utilizada apenas a draga de sucção, que suga os resíduos do fundo do mar. Durante o procedimento, no entanto, a administração do porto descobriu trechos cujo solo era mais consistente, principalmente na entrada do canal de acesso e em parte dos berços de atracação. Na época, constatou-se que somente a draga de sucção não seria capaz de extrair o material mais resistente e, consequentemente, aumentar o calado médio do porto para os 11,5 metros de profundidade na maré zero desejados.
Nesta nova etapa de dragagem, de acordo com o gerente de operação da Van Oord no Brasil, Jurgen Nieuwenhoven, além da sucção será feita a dragagem mecânica (drag-line). Este método permite que uma caçamba, conhecida como "clan-shell", cave e quebre os resíduos mais resistentes do solo marítimo. “Devemos retirar cerca de 6 mil m³ de resíduos por dia. As dragas vão trabalhar 24h, revezando uma equipe de 45 pessoas, entre brasileiros e holandeses”, explicou. A previsão do Porto do Recife é de que o serviço seja concluído em junho.
A draga holandesa chegou ao Porto do Recife na manhã da última quinta-feira (14), mesma data que marcou o fim da primeira batmetria, técnica utilizada para medir a profundidade de toda a bacia portuária. De acordo com a administração do porto, uma segunda batmetria está prevista para acontecer depois da dragagem iniciada hoje. O objetivo será verificar se o procedimento atingiu a medida desejada.
Fonte DIARIODEPERNAMBUCO/Augusto Freitas
PUBLICIDADE