O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, afirmou que o Arco Norte é a melhor porta de saída para mercado consumidor asiático e europeu, com potencial enorme de redução de custos. Perguntado sobre a meta ambiciosa em sua gestão, ele citou a Ferrogrão, ferrovia que vai ligar o norte do Mato Grosso aos portos do Pará, como projeto que mudará a logística nacional.
"Quando fazemos uma ferrovia como essa, vamos criar competição com todo sistema que leva [a carga] para Santos e Paranaguá. Quando criamos competição, fazemos choque de oferta de transportes, reduzimos muito o frete e jogamos o Custo Brasil lá para baixo", disse Freitas no programa Conversa com Bial, exibido pela TV Globo na noite da última segunda-feira (21).
Na ocasião, o ministro ressaltou que não vai faltar demanda para esse tipo de projeto logístico, na medida em que um estado como Mato Grosso produz 65 milhões de toneladas por ano, plantando em nove milhões de hectares, com condições de produzir 100 milhões de toneladas, em 2025, e 110 a 120 milhões/t em 2028. "A demanda existe, o que fizermos de infraestrutura vai ser pouco", garantiu Freitas.
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O chefe da pasta de infraestrutura também adiantou que faltam 10 quilômetros para conclusão das obras da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém). Ele lembrou que, em março, havia 50 quilômetros de filas de caminhões parados ou atolados na região. Freitas explicou que essa obra tem trechos complexos, com apenas quatro meses de janelas sem chuvas por ano. Ele estimou que 1000 soldados estejam trabalhando nessa em outras frentes de obras do Exército.
Questionado pelo apresentador Pedro Bial sobre o nível da infraestrutura de transportes brasileira se comparada a países com 'nota 10', como Alemanha, Estados Unidos e países escandinavos, Freitas disse que o Brasil tem nota 4 ou 5 e que o desafio, possível de ser alcançado, é melhorar essa percepção. Para o ministro, o país com infraestrutura de transportes eficiente deve responder aos anseios do usuário e reduzir os custos de transportes.
O ministro comemorou que o programa de concessões de infraestrutura concedeu 27 ativos em 2019 e tem expectativa de movimentar R$ 217 bilhões nas próximas décadas. Até o momento, o governo arrecadou R$ 11 bilhões em outorgas de ativos de infraestrutura e com valor próximo em investimentos contratados. Freitas acredita que 2020 será um ano mais forte porque existem ativos importantes de infraestrutura sendo estruturados, entre os quais o leilão da rodovia Nova Dutra (Rio-São Paulo), cujo contrato vence no ano seguinte.
Freitas também frisou que concessões possuem conceito diferente de privatizações. Ele esclareceu que, enquanto na privatização há transferência de controle, na concessão não há a perda da propriedade do ativo. "A maioria dos ativos é concedida e eles continuam sendo do Estado. O operador faz investimentos, explora o equipamento por tempo determinado, tem remuneração por tarifas e receitas e, ao final do período de exploração, devolve [o ativo] ao Estado", salientou. O ministro citou a concessão do aeroporto de Florianópolis (SC) como exemplo positivo de melhora do equipamento por meio de investimentos privados.