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O caminho da juta: da Amazônia para os portos capixabas

São mais de seis décadas dedicadas ao cultivo de fibras vegetais na Amazônia. Aos 73 anos, Francisco de Assis Baxote sustentou uma família de dez filhos apenas plantando juta e malva às margens do Rio Solimões, em Manacapuru, a 82 km de Manaus-AM. Seu Francisco não sabe, mas seu trabalho é decisivo para a principal atividade da economia capixaba. Em suas mãos, no Norte do país, começa um ciclo produtivo que passa pelo Porto de Vitória e desemboca em mercados do mundo inteiro.
Veja vídeo no fim da matéria com todas as etapas da fabricação de sacas de café
Leia na edição deste domingo (28) do jornal A Gazeta reportagem especial sobre o caminho percorrido pela juta, desde as propriedades rurais na Amazônia, até os portos do Espírito Santo.
As mudas de juta e malva plantadas na propriedade de Seu Francisco e na de outras 15 mil famílias da Amazônia são a matéria-prima para sacas que embalam o café. O processo, acompanhado pela redação multimídia da Rede Gazeta durante cinco dias, tem início ainda em Manacapuru. Durante três meses, entre julho e setembro, os agricultores aproveitam o terreno úmido para plantar as sementes à medida em que a maré vai baixando. Como o terreno fica alagado por seis meses até ser semeado, não é feito nenhum tipo de adubação ou enriquecimento do solo.
Até o final dos três meses as primeiras mudas atingem o grau de maturação necessário para o corte, quando estão com aproximadamente três metros de comprimento. As plantas são cortadas e levadas para dentro do rio, onde ficam entre dez e 12 dias até que a fibra possa ser retirada por inteiro do caule das plantas, no processo chamado maceração.
Separada do caule, a fibra fica pendurada em uma espécie de varal e leva mais quatro ou cinco dias até secar. Depois é separada em fardos de 80 quilos e levada de barco para a filial da Companhia Têxtil de Castanhal (CTC) em Manacapuru, onde é prensada.
A partir daí, todo o resto do processo é desconhecido para o agricultor Francisco de Assis, que há sessenta anos plantando juta, ainda não viu o produto final que ajuda a fazer. "Eu planto, vendo a fibra, mas não sei o que dá depois. Ouvi dizer que vira estopa e telhado de casa. É verdade?", pergunta, curioso.
Indústria
O trajeto seguinte nem passa pela cabeça do colono. Em um caminhão baú, os fardos seguem de balsa de Manaus até Belém, no Pará. De lá, o caminhão segue para Castanhal, onde fica a fábrica de juta da CTC. Os fardos são separados por tamanhos no local, ganham óleo vegetal e passam por várias esteiras e 'pentes' que limpam e aproximam os fios de fibra. O processo industrial é responsável por fortalecer a matéria-prima e criar os fios de juta.
Em carreteis o produto já pode ser vendido, se o cliente quiser. Para o café, ainda na fábrica da CTC os fios são tecidos em sacarias com capacidade para 60 quilos, costurados e pintados com o selo Cafés do Brasil.
As sacas de café vendidas para o Espírito Santo vêm para o Estado em caminhões com destino às cooperativas e propriedades exportadoras de café. Dos portos capixabas, o café embalado com as sacas de juta levam o nome do Brasil para o Oriente Médio e a Ásia, entre outros.
Enquanto isso, Seu Francisco de Assis continua semeando a terra de julho a setembro, agora com a ajuda dos netos. Com o auxílio de uma bengala, ele fiscaliza todas as etapas do cultivo, safra após safra, à beira do Solimões, em Manacapuru.

Fonte: Gazeta Online ES

 

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