SÃO PAULO - A Odebrecht completou o desmembramento de seu braço de investimentos com a criação da TransPort, reunindo os ativos da companhia em rodovias e portos. A mudança visa preparar o grupo para disputar novos contratos pela frente - o principal deles, o Rodoanel Leste/Sul, que demandará investimentos de R$ 4 bilhões e pode ser licitado pelo governo paulista nos próximos meses.
O desmantelamento da Odebrecht Investimentos em Infraestrutura (OII) começou no ano passado, com a criação da Foz do Brasil, que reúne os ativos da empresa na área de saneamento. A Odebrecht Energia foi lançada recentemente, deixando para trás os ativos em transporte - os principais deles, a concessão da rodovia D. Pedro I, no interior paulista, arrematada em leilão em 2008, e o Embraport, terminal misto em Santos, onde a Odebrecht tem participação desde 2009 em sociedade com a Dubai Ports World, a trading Coimex e o Fundo de Investimentos do FGTS.
A OTP - como é conhecida internamente - nasce com uma receita de R$ 502 milhões, quase toda suportada pela rodovia D. Pedro I. Ela detém também a CLN, concessão da chamada Rota do Côco, ao norte de Salvador. Segundo o presidente da nova empresa, Geraldo Villin, novos ativos em conclusão devem elevar a receita em 10% no ano que vem - a empresa tem uma participação de 15% na Via Quatro, que administra a linha amarela do metrô paulista, e a Via Parque, complexo viário ao sul de Recife. O Embraport só ficará operacional a partir de 2013.
O principal desafio da nova empresa é a concessão do Rodoanel Leste/Sul, projeto que exigirá a construção de 42,3 km de rodovia por R$ 2,8 bilhões, mais R$ 1,1 bilhão em desapropriações. Para levantar capital, a empresa deverá buscar sócios - uma das vantagens da nova empresa é a maior autonomia para isso. O principal problema do projeto, o risco embutido na desapropriação - que não será coberto pelo Estado - não afastará a empresa da disputa, diz Villim. Mas deve encarecer o projeto: " O sistema financeiro não financia algo com esse risco. Só oferecendo garantias corporativas " , diz. Essa imposição, por sua vez, deve afastar potenciais sócios.
(Fernando Teixeira | Valor)
Fonte: Valor
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