A cada novo ano, o Porto do Rio Grande bate recorde de movimentação de cargas, mostrando uma atividade incessante, especialmente quando temos, no Rio Grande do Sul, também, recordes de produção de grãos. Excelente para todos os segmentos.
No entanto, toda essa carga de produtos, para exportação e para envio a outros centros do Estado, acaba por influir diretamente na restrita capacidade de escoamento feito através de uma única estrada, que liga Rio Grande a Pelotas e, dali, ao interior do Rio Grande do Sul. Uma faixa estreita de rodovia transformada em verdadeiro caminho de formigas, suportando um tráfego pesado de centenas de caminhões-dia que se misturam ao tráfego de outros veículos de abastecimento e de automóveis, motocicletas e até bicicletas. Pois a mesma estrada atravessa pelo menos dois distritos do Município (Quinta e Povo Novo) com residências, onde centenas de pessoas também a utilizam, ou pelo menos suas margens, para atingir locais de trabalho, escolas, comércio e outros, tornando-se, pois de extremo perigo e, invariavelmente, promovendo registros policiais com colisões, atropelamentos e mortes.
Há muito tempo, as comunidades da região vêm lutando pela duplicação da rodovia e, paralelamente, pela conclusão da BR-101, com ligação a seco entre o Rio Grande e São José do Norte, garantindo, com isso, uma segunda opção de tráfego para que seja atingido o único porto marítimo do Rio Grande do Sul.
Não se pode conceber que um terminal portuário da importância que é o do Rio Grande para o Estado e para o próprio País - considerando que aqui está instalado o segundo porto no Brasil, em movimentação de contêineres - tenha apenas e tão somente uma única estrada para entrada e saída de cargas. Caso venha existir, como já aconteceu, problemas na ponte sobre o São Gonçalo, a Noiva do Mar estará isolada do resto do Estado e, como consequência, haverá a paralisação de todo um complexo portuário e, em breve, de um polo marítimo de máxima importância.
Os trabalhos de preparação do leito lateral à BR-392 estão em desenvolvimento, mas, sabemos, ainda falta muito para que, efetivamente, inicie-se a pavimentação e o asfaltamento da duplicação. Até lá, infelizmente, continuaremos a ver acidentes fatais com corpos lavando de sangue o leito da Rio Grande-Pelotas.
Fonte: Valor Econômico
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