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Ouro Verde se prepara para fazer IPO em 2014

O ano de 2012 não está sendo animador para empresas interessadas em entrar no mercado de capitais. As turbulências internacionais têm reduzido o apetite a risco dos investidores e, no Brasil, apenas Locamerica, BTG Pactual e Unicasa se aventuraram em uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

Ainda que descarte planos para o curto prazo, a paranaense Ouro Verde segue firme na intenção de negociar ações em bolsa e agora traça uma meta para 2014. Após fazer uma cisão (spin-off) da área de logística rodoviária para a criação da Ritmo Logística em sociedade com a ALL, o caminho ficou livre para a operação. A profissionalização dos negócios tem sido levada a sério e a empresa tem investido nos últimos anos na governança corporativa.

Com resultados auditados pela KPMG e um departamento de relações com investidores, a Ouro Verde tem em seu conselho de administração um membro independente: o ex-presidente da Telefônica, Fernando Xavier Ferreira. Além disso, a companhia paga bônus semestral para garantir bons resultados o ano todo e impõe metas mensais, trimestrais e semestrais.

"A Ouro Verde já está agindo como uma companhia aberta, sem a família na empresa, apenas no conselho", disse ao Valor o diretor superintendente, Karlis Kruklis.

A decisão de fazer o IPO leva em consideração a capacidade futura de crescimento. "A Ouro Verde não precisa ir a mercado agora e ele sequer está favorável para uma operação. O IPO tem de ser um meio, não um fim. Temos oxigênio, fôlego para continuar crescendo e tornar a empresa maior para ir à bolsa", afirmou o executivo.

A ideia é ter um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) na casa dos R$ 400 milhões para levar a operação adiante - em 2011, o indicador somou R$ 346 milhões. A Ouro Verde pretende negociar um terço do capital em bolsa.

"Com o IPO, pretendemos apenas preservar nosso ritmo de crescimento. Num dado momento, faltará fôlego para manter a expansão", afirmou Kruklis.

Para se aproximar dos futuros sócios, a companhia tem promovido "roadshows" trimestrais. Neste ano, o diretor esteve em Nova York e agora planeja apresentar a Ouro Verde para os europeus. O executivo tem experiência na área, já que trabalhou na GVT e participou do lançamento de ações da empresa.

Kruklis avalia que o mix de veículos pesados e leves agrega valor à Ouro Verde, tornando-a uma opção mais interessante que empresas já listadas, como Localiza e Mills.

Depois de uma expansão de 32% da receita líquida em 2011, quando totalizou R$ 386,2 milhões, a empresa espera repetir a alta em 2012. Os investimentos devem somar cerca de R$ 430 milhões, levando a um total de R$ 1 bilhão em três anos.

Com 34 filiais e atuação nacional, a Ouro Verde encontra na locação de pesados a maior parte da receita e quer ampliar o leque de equipamentos locados, o que poderá incluir maior participação no setor portuário. De toda forma, segundo Kruklis, a empresa quer manter o foco em contratos de longo prazo.

O diretor avalia que não falta mercado no Brasil e afasta as intenções de fincar um pé no exterior, pelo menos no curto prazo.

"Temos recebido propostas para operar na África, mas temos medo de perder o foco em mercados que não dominamos", afirmou.

Com uma frota de 4.613 equipamentos pesados e 15.084 veículos leves, a Ouro Verde estima valor de mercado na casa de R$ 1,1 bilhão. Com perfil conservador, a companhia tem alavancagem financeira moderada - abaixo de três vezes - e ainda não mostrou interesse por aquisições. A ETH Bioenergia é seu maior cliente, mas empresas como Electrolux, Bunge e Randon também figuram no portfólio.

Fonte: Valor / Beatriz Cutait






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