A visão empresarial dos setores marítimos da Dinamarca e do Brasil foi o tema do Painel III, que fechou a série de palestras do Seminário Brasil e Dinamarca sobre Navegação Marítima, realizado pela ANTAQ e pela Embaixada dinamarquesa, ontem, quarta-feira (29), na sede da Agência, em Brasília.
O painel, moderado pelo diretor da Associação de Armadores Dinamarqueses, Jacob Clasen, teve como primeiro palestrante o gerente-geral de assuntos institucionais da Hamburg Sud & Aliança Navegação e Logística Ltda, Mark Juzwiak.
O gerente da Hamburg Sud disse, na sua apresentação, que os acessos rodoviários e aquaviários dos principais portos brasileiros estão esgotados. Segundo ele, basta a economia brasileira crescer 2% para haver problemas. Juzwiak falou sobre a necessidade de berços e calados maiores para receber os grandes navios, que começam a frequentar os postos brasileiros.
Juzwiak lembrou que 80% da carga da cabotagem é intermodal, mas afirmou que é preciso reduzir os custos dessa navegação para competir com o modal rodoviário. Para ele, um dos principais gargalos para o crescimento do setor é o custo das tripulações dos navios no Brasil, muito superior ao custo internacional. “Esse é um dos aspectos em que a Dinamarca tem muito a ensinar ao Brasil”, apontou.
Os diretores da Log-In Intermodal e da Mercosul Line Navegação e Logística LTDA, Márcio Arany e Roberto Rodrigues, respectivamente, defenderam a navegação de cabotagem para melhorar a logística de transportes do Brasil.
Arany informou que para cada 1% de crescimento no PIB, a movimentação de contêineres cheios na cabotagem cresce, em média, 3,5%, enquanto o setor de transporte como um todo cresce 1,5%. “Para cada TEU cheio movimentado hoje por cabotagem (excluindo feeder), existem 6,5 TEUs que estão no modal rodoviário e poderiam migrar para a cabotagem”, acrescentou o diretor da Log-In.
Arany disse, ainda, que a cabotagem é o caminho natural para o Brasil, pois 80% da população e 70% das indústrias brasileiras estão localizadas até 200km da costa. “O transporte por cabotagem chega a consumir oito vezes menos combustível para mover a mesma quantidade de carga”.
Já Roberto Rodrigues informou que se 2,7 milhões de contêineres (TEU) fossem transportados via cabotagem ao invés de utilizarem caminhões, isso reduziria a emissão de 4,4 milhões de toneladas de CO2; acidentes rodoviários em aproximadamente 36 mil; e custos de manutenção de estradas em US$ 125 milhões.
Fonte: Ascom/SEP
PUBLICIDADE